18/03/2010

GM do Brasil quer impedir solidariedade ao Haiti


Empresa quer proibir doações de seus trabalhadores às vítimas do terremoto. O caso será discutido nesta quarta-feira (17) pela OAB e OIT, em Brasília

17/03/2010


Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região


Numa atitude arbitrária e na contramão das ações de solidariedade ao Haiti, a General Motors do Brasil anunciou que vai bloquear a doação feita por seus funcionários aos trabalhadores haitianos. A doação faz parte da campanha que a CONLUTAS e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos estão realizando, junto aos trabalhadores, para desconto único de 1% dos salários, direto em folha de pagamento.

O caso será discutido nesta quarta, dia 17, pelo presidente nacional da OAB (Ordem das Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, e pelo ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e membro da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Lélio Bentes.

Os trabalhadores da GM já haviam aprovado a doação, em assembléias com mais de seis mil votantes realizadas no dia 11 de fevereiro. A estimativa é que a arrecadação, somente entre os funcionários da montadora, ficaria em torno de R$ 300 mil. O dinheiro seria enviado diretamente às organizações operárias e populares, como a Batay Oyvryie, para que o povo haitiano possa, soberanamente, reconstruir seu país. É como parte desta campanha que a C ONLUTAS já enviou mais de R$ 160 mil ao Haiti.

Mas, na última semana, a direção da General Motors informou ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região que não efetuará o desconto, apesar da decisão soberana dos trabalhadores. Não há nenhum empecilho técnico para a efetivação deste desconto.


Na reunião, estará em discussão a postura da GM por suposta retaliação antissindical. O problema será debatido no gabinete do ministro Lélio Bentes, membro da Comissão de Peritos em Aplicação de Normas Internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A reunião foi agendada pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Subseção da OAB de São José dos Campos, Aristeu César Pinto Neto, e também será acompanhada pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Vivaldo Moreira Araújo.

Em nota, a CONLUTAS repudia a postura da GM. “A postura da multinacional norte-americana é inadmissível, vergonhosa. Acima de tudo, é totalmente autoritária, indo contra os interesses dos trabalhadores e do povo haitiano. Vale ressaltar que a montadora é hoje controlada majoritariamente pelo governo dos Estados Unidos, que, intensificou a ocupação militar no Haiti após o terremoto”. (veja nota completa abaixo)


O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e a CONLUTAS continuarão exigindo que a empresa respeite a decisão dos trabalhadores e o povo do Haiti, efetuando o desconto.

 NOTA OFICIAL


O terremoto que atingiu o Haiti há dois meses deixou cerca de 300 mil mortos e um rastro de destruição em um dos países mais pobres do mundo. As cenas de destruição emocionaram e trouxeram um grande sentimento de solidariedade internacional, que impulsionaram campanhas em várias partes do mundo para ajudar o povo haitiano.

A CONLUTAS e outras organizações vêm fazendo no Brasil uma grande campanha de solidariedade aos trabalhadores do Haiti. O objetivo é levar diretamente às organizações operárias e populares, como a Batay Oyvryie, o auxílio necessário para que este povo lutador possa, soberanamente, reconstruir seu país.

Ao mesmo tempo denunciamos a ocupação militar no país, mantida pela ONU sob o comando do Brasil, e exigimos a retirada das tropas brasileiras e dos outros países. Afinal, o Haiti não precisa de ocupação militar e sim de remédios, médicos, comida e recursos.

É como parte desta campanha, que já enviou mais de R$ 160 mil ao Haiti, que no dia 11 de fevereiro, os trabalhadores da GM de São José dos Campos aprovaram, em assembleias com mais de seis mil trabalhadores, a doação de 1% de seus salários, a ser descontado diretamente na folha de pagamento em uma única vez.

Esta histórica decisão de solidariedade internacional também aconteceu em várias outras empresas metalúrgicas da região e pode totalizar uma arrecadação superior a R$ 300 mil.

Entretanto, nesta semana, a direção da General Motors do Brasil informou ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região que não efetuará o desconto, apesar da decisão soberana dos trabalhadores.


A postura da multinacional norte-americana é inadmissível, vergonhosa. Acima de tudo, é totalmente antidemocrática indo contra os interesses dos trabalhadores e do povo haitiano.

No momento em que até mesmo empresas multinacionais dizem também estar fazendo “campanhas humanitárias” em prol do povo haitiano, a GM quer impedir a ajuda livremente decidida pelos seus funcionários. Vale ressaltar que a montadora é hoje controlada majoritariamente pelo governo Obama, que enviou milhares de soldados ao Haiti após o terremoto, intensificando a ocupação militar.

Não há nenhum empecilho para a efetivação deste desconto, afinal, em diversas ocasiões são feitos descontos sindicais ou de outra espécie diretamente na folha de pagamento, sem nenhuma dificuldade técnica para isso.

A postura da GM merece ser repudiada por todas as organizações e personalidades democráticas, sindicais e populares do país e do mundo.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e a CONLUTAS continuarão exigindo que a empresa respeite a decisão dos trabalhadores e o povo do Haiti, efetuando o desconto.

Conclamamos todas as forças democráticas que estão solidárias ao povo haitiano a se somar a esta campanha, se posicionando perante a empresa e a sociedade.





SINDICATO DOS METALÙRGICOS DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS E REGIÃO

CONLUTAS – COORDENAÇÃO NACIONAL DE LUTAS


FONTE: BRASIL DE FATO
Ocupação no CRUSP: estudantes reivindicam dignidade e condições de permanência

Estudantes da Universidade de São Paulo, moradores do Conjunto Residencial da USP (CRUSP), ocuparam nesta madrugada a sede do Serviço Social da universidade. Eles reivindicam condições dignas de permanência estudantil, um política séria e dialogada de Assistência Estudantil e a parada imediata dos planos de segurança que invadem a privacidade.

Moradores do CRUSP, reunidos em assembleia, decidiram por ocupar o Serviço de Assistência Social da COSEAS por tempo inderteminado.

A pauta de reivindicação gira em torno da (des)assistência estudantil prestada por esse órgão aos estudantes que apresentam dificuldades financeiras de se manterem na universidade. Historicamente, reivindicamos ampliação das vagas na moradia e no alojamento, rapidez na entrega de novos blocos, ampliação do apoio-alimentação e nos posicionamos contra a extinção da bolsa trabalho (as vezes único meio de sustento para o estudante calouro). Enfim, o que sempre levantamos como bandeira é o oferecimento de condições de permanência dignas na universidade.

Independente da concordância com a estratégia, qual seja, a ocupação de um prédio público como forma de pressão ao esgotamento de um (falso) diálogo, a atitude de nossos colegas precisa de colaboração, pois é imprescindível que seja preservada a segurança dos que estão lá dentro.

Além do mais, querendo eles ou não, essa atitude acabará sendo uma espécie de teste para o Dr Rodas, reitor recém empossado da pomposa USP, mostrar se veio mesmo disposto a dialogar ou para agir como a sua predecessora, chamando a polícia de choque para resolver impasses dentro do campus. Vejamos...




18/03/2010 - 07h34


Alunos da USP protestam por melhorias no conjunto residencial do campus


Um grupo de alunos da USP, que seriam moradores do Crusp (Conjunto Residencial da USP), estão acampados no Coseas (Coordenadoria de Assistência Social da USP) desde a madrugada desta quinta-feira em protesto por melhores condições de moradia.

De acordo com a guarda universitária do campus Butantã, na zona oeste de São Paulo, os estudantes desceram dos alojamentos e montaram barracas por volta da 1h e permaneciam no local às 7h30. O número de alunos que participavam do protesto não foi informado pelo órgão.

Ainda segundo a guarda, a manifestação era pacífica. A reportagem tentou entrar em contato com a reitoria da universidade por volta das 7h30, mas não teve sucesso.


FONTE: Folha Online

16/03/2010

Governismo ataca movimento sindical independente

A Fenadados[1], que é ligada a CUT, decidiu cassar a liberação sindical do Sindppd-RS[2] referente à empresa federal de informática Serpro-RS, deixando esse setor da categoria sem representação.

A medida é uma retaliação a atuação independente do sindicato que, em 16 de dezembro por exigência dos trabalhadores do Serpro-RS, realizou uma assembléia onde aprovou a desfiliação da Fenadados.
Os trabalhadores do Serpro se sentiam traidos pela atuação pró-governo da Federação que vinha aprovando acordos que contrariavam as decisões da base. O descontentamento atingiu o ápice após a última campanha salarial que contou com uma greve de 29 dias.

O caráter político da decisão da Fenadados fica mais claro quando se observa dois aspectos: primeiro que será retirada a liberação da principal dirigente do sindicato (Vera Guasso, que é do PSTU) e segundo que outros sindicatos da mesma categoria mantêm a representação mesmo não sendo filiados à Federação (como os de São Paulo e Santa Catarina).

O Sindppd-RS está tomando providências para tentar reverter a absurda decisão da Fenadados.

O episódio mostra mais uma vez que entre tucanos e petistas há apenas uma disputa pelo controle do aparelho do Estado.
Os projetos são os mesmos inclusive no que tange a atacar e criminalizar a luta dos trabalhadores. Se Serra demitiu sindicalistas em São Paulo a burocracia lulo-petista ataca o movimento independente dos trabalhadores.
Importante lembrar disso já que estamos em ano eleitoral onde PT e PSDB se apresentarão como se fossem antagônicos.

[1] Fenadados: Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Processamento de Dados, Serviços em Informática e Similares.

[2] Sindppd-RS: Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados do Rio Grande do Sul.


Abaixo-assinado contra a cassação da liberação sindical do Sindppd/RS
 http://www.sindppd-rs.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1541&Itemid=4[1]





Marina Silva quer "liberalismo sustentável"

 
Está ficando cada vez mais claro, até para os mais leigos, que a relação do atual sistema econômico com a natureza está levando o planeta à destruição e que se não houver uma mudança drástica a espécie humana será extinta.
E que sistema econômico é este afinal? Trata-se do capitalismo em sua fase neoliberal, leia-se: o velho liberalismo sendo restaurado!

Pois não é essa a avaliação da candidata "Verde" à Presidência da República, Marina Silva. Ela agora difunde a empulhação de que executará um "liberalismo sustentável". Um liberalismo domado, humano, "verde". É mole?

Para domar o liberalismo e deixá-lo sustentável é preciso atacar o "pesado" Estado brasileiro, cortar gastos, impor mais ajuste fiscal e permitir o crescimento econômico do capital. São as "novidades" defendidas pela equipe de economistas e empresários que estão elaborando o programa da candidatura Marina Silva. Neoliberais? Isso é a "satanização do debate", se esquiva a ex-ministra do Governo Lula.[*]

A fantasia de "progressista" que Marina Silva desejava utilizar se despedaçou muito antes de começar a "festa" eleitoral.
 
 
 

Vitória esmagadora do povo islandês

Numa vitória esmagadora, 93% dos eleitores da Islândia disseram "Não" ao pagamento de prejuízos provocados pela falência de um banco privado. O referendo foi realizado no sábado, 6, e é o segundo da história do país. O povo islandês rejeitou assim as pressões impostas pelos governos britânico e holandês, bem como a atitude servil do seu governo e do seu parlamento que em Dezembro último assinaram um acordo comprometendo-se a pagar 3,9 mil milhões de euros aos credores do banco falido. Assim, a falência da ideologia neoliberal concretiza-se também no terreno prático. A pequena Islândia dá um exemplo a todos os países do mundo submetidos à extorsão. As vítimas da sanha do capital financeiro e imperialista começam a reagir.
JUVENTUDE VAMOS À LUTA CONVIDA:



HAITI DA REVOLUÇÃO ESCRAVA AO TERREMOTO ARRASADOR

COM   O  HISTORIADOR  MÁRIO MAESTRI

QUANDO: DIA 24 DE MARÇO,ÀS 19 HORAS NO PANTHEON (IFCH prédio novo)

Indicativo de Greve do funcionalismo público em Alvorada


Indignados com os menores salários da região metropolitana de POA e com os ataques que a administração municipal contra direitos, os funcionários públicos de Alvorada decretaram indicativo de greve.
Em assembleia a categoria avaliou a substituição dos auxílio transporte por vales transportes, e a proposta do governo em aumentar o vale-refeição em apenas R$ 0,40 ao dia. A proposta do governo foi considerada desrespeitosa, tendo em vista o baixo salário já recebido na cidade, a inexistência de aumento salarial nos últimos anos e diante da maneira que o governo tentou implementar o vale transporte, visivelmente com o intuito de privilegiar as empresas de ônibus financiadoras de campanha.
A categoria não só rejeitou a proposta do governo, como montou um pauta de reivindicação que é:
Mínimo de 20% de aumento salarial;
Liberação das licenças premio;
Manutenção do auxilio transporte;
Aumento real do vale alimentação defasado.
Mesmo contra a vontade da direção do sindicato, atrelada ao governo, que tentou impedir falas de alguns professores e até mesmo buscou dissolver a assembleia, a base garantiu o início da luta. Para a negociação foi aprovado uma manifestação quinta-feira, dia 18, em frente a prefeitura de Alvorada às 17 horas, para a entrega da pauta de reivindicações ao prefeito.
Caso não haja negociação minimamente aceitável, foi aprovado em assembleia, por aclamação o indicativo de greve.

Fonte: http://avanteeducadores.blogspot.com

13/03/2010

A GREVE CONTINUA: EM DEFESA DO EMPREGO, DO SALÁRIO E POR MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO!
      
Nós, da UNIDOS PRÁ LUTAR, entendemos que a greve é o principal instrumento de luta dos trabalhadores. É verdade que não é o único, todavia, nós, da educação, já utilizamos todos: paralisações parciais, ações jurídicas, abaixo-assinado etc. Diante da violência dos ataques do governo, não nos restou outra saída: a greve por tempo indeterminado!
      
Felizmente, a categoria respondeu ao nosso chamado. Em visitas às escolas verificamos que a maioria dos companheiros (as) tem a disposição de lutar contra a truculência do governo Serra/ Paulo Renato.
       
Os ataques foram  muitos e a nossa greve é uma resposta a tais ataques!
       
Entendemos que a nossa greve, que já é forte, deve continuar. O governo de forma mentirosa tenta criminalizar a categoria e o sindicato, uma forma de nos intimidar.  Afirma na mídia que a greve tem índice mínimo de adesão. Ora, se está tão preocupado é porque a categoria entendeu que é a hora de se levantar contra as políticas de Serra e Paulo Renato. Mas, não vamos nos curvar!
       
Nossas reivindicações  são claras: 
     
Isonomia salarial e reajuste salarial imediato!
     
 Pelo fim das provas para os professores OFAs!
     
 Pelo fim da prova de “mérito”!
    Pelo fim da “escolinha para efetivação” – concurso público classificatório!
      Pelo fim da política de bonificação! 
       
A nossa greve não é greve de um dia. Cada escola funcionando é um ponto a favor do governo. Que os grevistas possam, de fato, organizar as suas escolas, participar dos comandos de greve, no sentido de convencer o professor que ainda se mantém em sala que se junte à nossa luta! Cada escola paralisada é um ponto a nosso favor!
       
Em defesa da educação pública: unidade entre professores, funcionários, pais e alunos! 

PRÓXIMA ASSEMBLÉIA: 19 de março de 2010

12/03/2010

Ex-ministro implicado em assassinatos em massa é candidato de Uribe

Ex-ministro implicado em assassinatos em massa é candidato de Uribe

O ex-ministro colombiano de Defesa, Juan Manuel Santos, foi designado por Álvaro Uribe, na segunda-feira, dia 8, como candidato presidencial oficialista para as eleições de 30 de maio próximo.

Santos, braço direito do atual presidente, tinha anunciado sua intenção de concorrer ao cargo logo depois que, no dia 26 de fevereiro, a Corte Constitucional da Colômbia impediu uma segunda reeleição de Uribe, ao rechaçar uma lei que convocava de forma fraudulenta um referendo com essa finalidade.

O candidato de Uribe ocupou o Ministério de Defesa durante três anos e teve que renunciar em maio de 2009, quando não conseguiu sustentar a prática, criada por ele, dos "Falsos Positivos", ou seja, da utilização de corpos de humildes camponeses, e jovens moradores de regiões do interior da Colômbia, assassinados por setores do exército ou por grupos de paramilitares, e apresentados como guerrilheiros mortos em supostos combates.

"A Juan Manuel Santos esperam vários processos penais, por sua cumplicidade com os paramilitares das chamadas AUC (Autodefesas Unidas de Colômbia), sendo que são os próprios mafiosos do tipo de Salvatore Mancuso e Carlos Castaño que a reconhecem, e pela acusação que a Corte Penal Internacional lhe abrirá pela violação do território equa-toriano, onde torturaram, assassinaram e abandonaram feridos", assinalou a senadora Piedad Córdoba, comentando a candidatura.


FONTE: France Press

Parque Tecnológico UFRGS

Relatoria da Reunião do Fórum de Mobilização do Parque Tecnológico



Terça-feira 09/03/2010


Pauta:


1.AVALIAÇÃO
.2PERSPECTIVAS


1.AVALIAÇÃO

Aspectos que foram apontados pelo conjunto das intervenções na reunião sobre o balanço positivo das mobilizações, indicam uma vitória da esquerda pela sua unidade, união tanto entre os mais diversos setores da universidade como com os movimentos sociais que foram muito importante para que conseguíssemos a vitória almejada. Outro aspecto levantado como algo acertado foi a coordenação do ato de sexta-feira ter sido ampla e agregando vários setores, dividindo tarefas entre as mais diversas forças envolvidas. A repressão foi um dos maiores erros da reitoria, que devido à pressão das grandes empresas envolvidas no projeto do Parque Tecnológico teve que tomar uma atitude perante a nossa ação, que os pegou de surpresa. O acerto da tática da vigília e de toda a organização do ato de sexta-feira foi outro elemento para que o balanço hoje seja muito positivo e tenhamos alcançado a vitória almejada. A nossa resistência e convicção, demonstradas não só na hora da repressão como em todo o desenvolvimento das manifestações, foi um elemento importante para que levássemos adiante nosso objetivo de impedir a votação no CONSU e garantir o debate mais amplo e democrático. Agora é necessário organizar a resistência, estudar cada vez mais o projeto, a Lei de Inovação Tecnológica e aproveitar o rico momento de debate que se abriu com a nossa vitória. Discutirmos que produção cientifica queremos? E para quem? Que de fundo tem a discussão sobre concepção de universidade. Fica explícitos a ligação da reitoria com os projetos de interesse do governo federal. Para a disputa com os estudantes em geral necessitamos ser didáticos e ter elementos corretos para fazer o debate necessário.

2.PERSPECTIVAS

Encaminhamentos:


Retirar a questões dos moradores como argumento, pois possivelmente as 150 famílias não serão realocadas.

Inserir maior número de DA´s e movimentos no Fórum de discussão com o Reitor;

Estudar as relações obscuras na criação de mais uma fundação na UFRGS;

Proposta de calendário das discussões nos CAMPUS: 1ª semana: Vale; 2ª Semana: Saúde; 3ª Semana: ESEF; 4ª Semana: Centro.

Trazer convidados para um Seminário sobre o parque Tecnológico, antes da audiência Pública;

Realizar CALOURADAS unificadas (5 a 8 de Abril) sobre o Parque Tecnológico;

Denunciar na Comissão de Direitos Humanos da Câmara o caso da entrada da Brigada no Campus e a repressão que ocorreu;

Chamar mais sindicatos para se agregarem no processo;

Chamar professores que se interessarem;

Ir na Assembléia da ASSURGS;

Discutir o que a gente não quer desse mérito;

Construir o nosso projeto de Parque Tecnológico;

Acionar os conselhos de meio ambiente para a pauta;

Afirmar a soberania da UFRGS, e a questão Democrática;

Propriedade Intelectual seja Pública;

Uma extensão de verdade;

Mapear os cursos que podemos pautar a discussão nos CONSUNI´S cobrando uma posição debatida pelo conjunto da unidade, não somente do diretor;

Tirar um panfleto unitário sobre o parque Tecnológico;

Massificar a pauta, utilizando materiais diversos;

Ter adesivo para a campanha;

Fazer uma grande Assembléia Geral com todos os estudantes e outros movimentos envolvidos;

Passagem em sala para explicar o Projeto, em cursos que serão mais afetados com a criação do Parque Tecnológico;

Criar um site para a construção do Projeto alternativo de Parque Tecnológico, com as demandas de todos os setores da universidade;

Frente de atuação de produção de informações, investigar as múltiplas relações do projeto.


COMISSÕES:


Comissão de COMUNICAÇÃO: Jéssica, Rodolfo, Franco e Aline.

 Comissão de ARTICULAÇÃO: agregados – Psicologia (Marcelo e Luciano), Farmácia (Giovana), Artes ( Marina), Graciela.

Comissão de FINANÇAS: agregados – Martina, Mateus, Nina e Tiago.

Comissão que vai se reunir coma Comissão de Direitos Humanos: André, Ana Madruga e Ju Furno.

PRÓXIMA REUNIÃO DO FÓRUM: Segunda-feira(15/03/2010) às 18:30, na FACED (sala a definir)

Reunião dos Representantes que irão se reunir no Fórum com o reitor: Quinta-feira(11/03/2010) ao meio-dia!

11/03/2010

NOTA DE REPÚDIO AOS ESTUDANTES DE DIREITO ENVOLVIDOS EM ATITUDE DE DISCRIMINAÇÃO AO CURSO DE PEDAGOGIA


 O Diretório Acadêmico da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, repudia a atitude de estudantes do curso de Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade de Direito da mesma Universidade, pela atitude discriminatória ocorrida na manhã do dia 11 de março de 2010, enquanto os calouros do curso de Pedagogia realizavam suas atividades de trote.          
              
Ao passar pelo prédio do curso de Direito, os estudantes de Pedagogia foram agredidos verbalmente pelos estudantes do curso de Direito que se encontravam, igualmente, em atividade de trote, com gritos que minimizavam a importância de nosso curso como “salário mínimo” e “segunda opção”, assim como outras expressões de baixo calão, ofendendo pessoalmente cada um@ que por ali passava.
             
Lamentamos o fato e, principalmente, a falta de memória destes estudantes que esquecem que para chegar onde estão passaram pelas mãos de diferentes pedagog@s que, com certeza, foram fundamentais para sua formação e chegada onde estão, mesmo recebendo, muitas vezes, um salário mínimo, mas levando sua profissão como opção de sua vida, como primeira opção.

           
Reafirmamos nossa opção pela Educação, tão desacreditada, tão desvalorizada, mas essencial, sedente de mudanças, mudanças estas que estes estudantes estão dispostos a encarar e construir.
             
Ainda, parabenizamos os calouros do curso de Direito pela entrada nesta Universidade, em um curso mais concorrido que o nosso, mas não de maior ou menor importância e esperamos que a noção de justiça e consciência social que vocês construirão durante o curso seja inversamente proporcional à noção de respeito explicitada nas atitudes de hoje, para que possamos ser capazes de construirmos uma realidade diferente.
 
Diretório Acadêmico da Faculdade de Educação da UFRGS
Gestão 2009/2010 – “Lutar também é educar!”
Sindicato denuncia: querem entregar os Correios para a iniciativa privada

Em nota a redação da Uirapuru o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios afirma que tem conhecimento das reclamações de clientes divulgadas pela emissora diariamente, referente ao atraso na entrega de correspondências em Passo Fundo. Diz o sindicato que as contratações realizadas pela empresa no fim de janeiro ainda são insuficientes e há necessidade de, pelo menos, mais 10 carteiros na cidade. Justifica o sindicato que as contratações ocorridas são insuficientes na medida em que o volume de cartas cresceu muito e não se atualizou o serviço postal. Além disto, vários funcionários saíram da empresa, houve transferências e outros estão em tratamento médico em virtude da enorme sobrecarga de trabalho. O sindicato denuncia que a direção dos Correios, em vez de esclarecer a população sobre o atraso das cartas, puniu todos os funcionários que paralisaram no dia 25 de janeiro de 2010, cobrando mais contratações. Conforme um dos lideres sindical, Cássio Menezes, a direção está agindo desta forma intencionalmente já que a intenção do Governo é de sucatear a empresa em todo o Brasil para favorecer a Medida Provisória que está no Congresso e visa transformar os Correios em sociedade anônima.

O sindicato esclarece ainda que os trabalhadores não tem culpa pelos atrasos existentes e são solidários à indignação da população de Passo Fundo. Os trabalhadores pedem para que os clientes denunciem os atrasos pelo telefone 0800 - 725 – 0100. A Uirapuru procurou a direção dos Correios em Passo Fundo para se manifestar sobre o assunto, mas não encontrou ninguém para falar. Segundo a direção local as informações devem ser obtidas através da assessoria de imprensa em Porto Alegre, mas até agora a emissora não recebeu resposta alguma.


FONTE:http://www.rduirapuru.com.br/?menu=noticialer&id=14255

ASSUFRGS Assembleia Geral da Assufrgs repudia ação repressora e antidemocrática da Reitoria


A Assembleia geral da Assufrgs aprovou uma moção de repúdio à Reitoria pela agressão sofrida pelos estudantes e servidores no ato em defesa do debate sobre o Parque Tecnológico ocorrido na sexta-feira (5/3). Além deste debate foram eleitos quatro delegados da Assufrgs para participar da Plenária da Fasubra, aprovado o balanço financeiro da entidade. Na assembleia também teve relatos sobre a reunião da Comissão de Superviisão de Carreira e a participação nas atividade do Dia Internacional das Mulheres..

Parque Tecnológico


A coordenadora Bernadete Menezes fez um relato sobre os problemas com o debate do Parque Tecnológico e as manifestações que ocorreram na semana passada. Falou dos questionamentos feitos pela Assufrgs na ocasião em que foram convidadas pelo Reitor para a apresentação do Projeto. Nesta reunião participaram os coordenadores Berna, Neco e Marco.

"Questionamos o modelo de gestão, como a Fundação Pública de Direito Privado, projeto de lei que foi derrotado no Congresso Nacional, os impactos ambiental e de vizinhança, como seria a participação das empresas privadas, defendemos um maior peso para a universidade, se cumpriria a função social da universidade pública e a participação da comunidade universitária na representação do conselho gestor e dos cursos que não são da área técnica", relatou Berna.

As explicações que ouviram do Reitor é que teria tempo para o debate e que tinha várias indefinições. Para a surpresa na convocatória do Consun, no período das férias foi apresentada a proposta de votar o projeto.

Antes de entrar nos acontecimentos da semana passada, Berna destacou que ninguém é contrário ao Parque Tecnológico, mas o questionamento é sobre a falta de diiscussão. "Neste sentido o resultado das manifestações da semana passada chamadas pelos estudantes foram positivas, pois agora vai haver o debate"', explicou.

A comissão formada pelos membros do Consun e a Comissão dos Movimentos que inclui estudantes, técnicos, professores e entidades sociais, acordou uma proposta de organizar debates nos quatro campus e haverá um prazo para discussão entre 30 e 60 dias até a próxima reunião do Consun. Este prazo é o necessário para que a Universidade não perca as verbas que são destinadas para as instituições que possuem parques tecnológicos.


A Comissão do Consun foi solidária com os estudantes e ficaram chocadas com a atitude do Reitor.

Os estudantes Rodolgo Mohr, ex-diretor do DCE e Rodrigo Baggio participaram da Assembleia e destacaram que o problema do parque ficou muito maior pois se transformou num problema de democracia dentro da universidade. "É muito grave. A solidariedade da comissão não muda o que ocorreu. Nós temos que garantir que isto nunca mais aconteça. A vitória do movimento demonstra que isto tudo não precisava ter acontecido. o Reitor Alex preferiu o retrocesso ao invés do debate e a construção de uma proposta de Parque Tecnológico em conjunto" , observou e agradeceu a participação e apoio da Assufrgs, durante as manifestações.

Feltrin que estava no dia da agressão ressaltou que ninguém é contra o desenvolvimento tecnológico, o problema é a rapidez com que queriam fazer as coisas. "A postura da Reitoria e o conteúdo do projeto já estão definidos. No Consun, nós e os estudantes já somos votos vencidos, por isto temos que lutar pela paridade dentro da universidade.

O coordenador Sílvio Corrêa falou que foi complicado o envolvimento dos colegas vigilantes e o sindicato apóia todos os movimentos. “Foi um equívoco desta administração colocar os vigilantes para fazer o papel de polícia. Está provado que a estratégia dos estudantes estava correta. O Reitor mentiu quando disse que íamos ter tempo para fazer esta discussão. Se não tivesse feito a manifestação o projeto teria sido aprovado ‘goela abaixo’ no Consun. Os atos se mede pelas conseqüências!”.

Ângela lembrou que o problema da democracia dentro da Universidade está muito sério. “Já foi assim com o Reuni e com as cotas. Agora estão jogando colega contra colega. Daqui a pouco vão entrar no meu local de trabalho e me agredir”.


O vigilannte Olmir relatou que ninguém foi mandado para bater, que todo mundo estava nervoso assim como os estudantes. O coordenador Neco ressaltou que o tema é complexo, mas na UFRGS nunca teve uma eleição democrática para Reitor. E o que ocorreu foi coisa que não se via há muitos anos. “A última vez que a Brigada Militar foi chamada foi na reunião do Consun em 1987, quando queriam empossar o Gherardt, que chamaram a polícia de choque para retirar os estudantes que tinham ocupado a sala do Consun e exigiam a renúncia do Reitor escolhido pelo Presidente e que não venceu as eleições, que ocorreram”.

Neco chamou os colega a participarem ativamente deste debate do Parque Tecnológico para que ele seja o mais democrático possível. “Nós cobramos desde o primeiro momento que fosse aberto o debate. Esta administração só nos enrola, assim como faz com a avaliação de desempenho, com o PDI e com o Plano de Saúde”. No final ressaltou que está em discussão é a proposta daqueles que querem privatizar a universidade e aquelels que querem que ela continue pública.

Chiquinho completou dizendo que a disputa é pelo tipo de universiade que se quer. “Nós fizemos greve contra as fundações públicas e de apoio e a Fasubra é cocntra este modelo. Temos que levar esta discussão para a Fasubra e Andifes”. No final dos debates foi lida a moção de repúdio proposta pelos estudantes e aprovada por unanimidade


Plenária da Fasubra

A assembléia debateu e aprovou por unanimidade o que os delegados irão representar a Assufrgs na plenária dos dia 12 e 13 devem defender. A preocupação era em garantir que neste ano que é eleitoral se elabore uma proposta de campanha salarial até o prazo limite de abril e que o Congresso da Fasubra seja realizado após o processo eleitoral. Para representar a Assufrgs foram eleitos por consenso Vânia, Antonieta, Chiquinho e Mozarte.

Prestação de Contas

Na verdade ocorreram duas assembléias, a primeira das 13h30, foi de sócios e aprovou a prestação de contas da entidadae do período de 2008. A Assembléia presidida pelos conselheiros fiscais, debateu uma parte dos recursos, que antes eram para pagar a mensalidade da CUT, destinada para a participação em atividades das entidades sindicais. Como este tema já tinha sido aprovado em reunião do conselho de delegados, foi ratificado pela assembleia e a prestação de contas aprovada.

CNS pode ajudar na solução dos problemas do Plano de Carreira


Na avaliação do coordenador adjunto da CIS, Silvio Corrêa, que passou a integrar a Comissão Nacional de Supervisão de Carreira existe um clima favorável a aprovação dos recursos de enquadramento da UFRGS. “Isto só não ocorreu na reunião dos dias 23, 24 e 25 de fevereiro por uma questão de detalhe na hora do encaminhamento”, explicou Sílvio.


 Dia Internacional da Mulheres

A Fasubra organizou nos dias 6 e 7 de março em São Paulo o II Seminário Nacional da Mulher Trabalhadora. Durante estes dois dias cerca de 130 mulheres de todo o país debateram as origens da opressão à mulher, violência, as mulheres no poder, as mulheres nos movimentos sociais e sindicais e trocaram experiências. No Dia Internacional da Mulher (8 de março) elas participaram da Marcha das Mulheres no centro de São Paulo. A Assufrgs esteve representada com uma delegação de 21 mulheres

FONTE: Assufrgs

ESTUDANTES DA UPF DENUNCIAM ASSÉDIO MORAL DENTRO DO DCE



Para os estudantes da UPF que não conhecem o histórico de ações oportunistas da UJS/PCdoB sobre o Movimento Estudantil, principalmente, através da Direção majoritária da UNE (União Nacional dos Estudantes), os motivos que levaram o DCE/UPF a “inventar” uma nova Carteira Estudantil nesse semestre são nebulosos.


A Carteira Estudantil agora é colorida, mais bonita e para fazê-la é só ir á sede do DCE para um recadastramento, nada demais. Porém, a diferença está no símbolo da UNE lá estampado no lugar do antigo patrocinador, para nos habituar a ver um símbolo de uma entidade que hoje não honra o passado de lutas dos estudantes e precisa desse tipo de atitude para ser conhecida.

Mas não é apenas isso, o que ocorre de verdade dentro da sala de DCE durante o recadastramento é muito mais do que uma simples confecção de uma nova Carteira Estudantil vinculada à UNE. E, dessa vez, o DAALL não precisou ir averiguar, os próprios estudantes da UPF vieram nos relatar:

G. P., estudante de Psicologia, ao chegar à sala de recadastramento se surpreendeu com tamanha propaganda do Banco Real Santander, ao ver muitas mesas com atendentes pensou que eram apenas os funcionários do DCE agilizando o processo, mas não, tratava-se de funcionários deste banco, pressionando, mentindo, assediando moralmente e intimidando os alunos para que os mesmos abram uma conta universitária nesse banco multinacional.

Segundo D. R., estudante de Fonoaudiologia, o funcionário do Banco Real Santander que lhe atendeu simplesmente disse que se ela não fosse abrir conta neste banco ela não poderia fazer a carteira estudantil, a mesma, induzida por esta mentira acabou abrindo uma conta no referido banco.


Já, S. D., estudante de Direito, ao se negar cinco vezes a abrir a conta universitária no Banco Real Santander, o funcionário que lhe atendeu chamou uma outra pessoa, uma espécie de coordenador, para lhe pressionar novamente, a mesma relata que não agüentou tamanha ofensa e tirania por parte dos funcionários e se retirou do recinto.

Nos comprometemos a averiguar de que maneira o Banco Real obteve permissão para estar dentro do DCE assediando os estudantes dessa maneira.

Mas se você estudante também passou por esse assédio moral, entre imediatamente em contato com a Ouvidoria da UPF aqui ou no 0800-701 8230 e denuncie!

FONTE: Diretório acadêmico América Latina Livre - UPF

10/03/2010

artigo de opinião

Quem tem medo da verdade e da justiça?

*Por Maria Amélia de Almeida Teles

O Programa Nacional de Direitos Humanos aprovado em 2008 sofreu alterações no decorrer de 2009, e a Comissão da Verdade e Justiça foi reduzida apenas à Comissão da Verdade. Mesmo assim, os familiares e amigos dos desaparecidos político apoiaram e apóiam na integra o PNDH-3. Há uma conivência histórica de setores dominantes da sociedade brasileira perante as violações aos direitos humanos que vem desde os idos da escravização da população negra e da dizimação de indígenas. Mas é preciso mudar este quadro para consolidar a democracia. Segue artigo de Maria Amélia de Almeida Teles.

Ainda faz falta ao Brasil, como já ocorreu em outros países da América Latina, uma Comissão que, em nome do Estado, mas com independência e autonomia, inclusive de ações e recursos, possa nos levar a pista mais concreta da Verdade e da Justiça. (Belisário dos Santos Junior )
 
O debate sobre a edição da 3ª. versão do Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH-3), publicada no final de 2009, reacende, mais uma vez, a questão da necessidade imperiosa de investigar os crimes de violação dos direitos humanos cometidos pelo aparato repressivo do estado contra militantes políticos de oposição à ditadura militar. As posições raivosas dos que são contrários aos direitos humanos, e ao mesmo tempo, fazem parte de um governo eleito democraticamente pelo voto popular, nos indicam que o caminho continua árduo na busca dos direitos fundamentais como a verdade e a justiça. O impasse deve ser resolvido num processo democrático, respeitadas as decisões tomadas, numa ampla discussão popular que resultou no programa de direitos humanos.

Naquela ocasião, o governo interpôs recursos e embargos para impedir a execução da sentença, mas não conseguiu sucesso. Mais uma vez familiares e entidades de direitos humanos protestaram contra tal decisão arbitrária. Suzana Lisboa que integrava a CEMDP – Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça, como representante dos familiares, pediu sua demissão como forma de protesto.

O governo tentou, de forma autoritária, um esvaziamento político da CEMDP e criou, na surdina, uma Comissão Interministerial. Esta Comissão (Interministerial), até os dias atuais, jamais prestou contas de suas atividades e não deu nenhuma informação à opinião pública e sequer aos familiares e entidades de direitos humanos.

Em 2008, os familiares e amigos dos desaparecidos políticos atenderam à convocação da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e participaram dos trabalhos da realização da 11ª. Conferência Nacional de Direitos Humanos, propuseram a inclusão de mais um eixo de diretrizes: direito à memória e à verdade, quando apresentaram a proposta da criação da Comissão da Verdade e da Justiça , que foi majoritariamente aprovada.
 
O programa nacional aprovado em 2008 sofreu alterações no decorrer de 2009, e a Comissão da Verdade e Justiça foi reduzida apenas à Comissão da Verdade. Os familiares e entidades de direitos humanos entendem que a verdade deve ser seguida de justiça para que tais fatos jamais voltem a se repetir. Mesmo assim, apoiaram e apóiam na integra o PNDH-3. Há uma conivência histórica de setores dominantes da sociedade brasileira perante as violações aos direitos humanos que vem desde os idos da escravização da população negra e da dizimação de indígenas. Mas é preciso mudar este quadro para consolidar a democracia. As forças defensoras da dignidade da nação precisam ser ouvidas e respeitadas. A democracia não pode ser apenas uma fachada, ela precisa ser um instrumento vivo de efetivação de direitos, capaz de por um fim à impunidade histórica que tem deixado nosso país em posição cada vez mais desvantajosa em relação aos países vizinhos quando o assunto é violação dos direitos humanos.

Aos que temem a verdade e a justiça, recolham-se para uma reflexão mais profunda. Respeitem o desejo dos que participaram ativamente na elaboração do PNDH-3, sob uma perspectiva holística de direitos humanos, na qual basta um ser humano coagido e violado em seus direitos para que toda sociedade se incomode e busque recuperar sua cidadania e dignidade.


*Da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos




professores da UNB em greve

A greve foi aprovada pela maioria esmagadora dos mais de duzentos docentes presentes que lotaram o auditório do Multiuso II da UnB – apenas seis votaram contra e um se absteve. A greve dos professores da Universidade de Brasília-UnB, decidida em assembléia geral da categoria na manhão desta terça-feira, 9 de março, tem o objetivo de manter a URP(Unidade de Referência de Preços) e de pressionar o governo Lula a cumprir determinação judicial que assegura o pagamento da URP a todos os sevidores. A greve é uma resposta da categoria ao governo Lula à ameaça de corte de 26,05% dos salários dos professores.O Sindicato dos Trabalhadores da UnB, que também estão sendo atingido por esse ataque do governo, optou por decidir pela greve na semana que vem, próximo dia 16 de março, terça-feira.




Brasília, 09 Mar 2010

09/03/2010

dica de leitura

Cisnes Selvagens, de Jung Chang

Este é um livro extraordinário, comovente e instrutivo no mais alto grau. Embora não seja essa a intenção da autora, todos os militantes socialistas deveriam lê-lo, pois para quem quiser entender a essência do maoismo, não há nada melhor.


Li algumas resenhas feitas por apologistas do stalinismo e do maoismo. São críticas estúpidas, que se baseiam apenas no fato da autora ser hoje uma defensora das democracias ocidentais. Como se isso retirasse a força do livro, sua honestidade e veracidade! A autora tira conclusões antisocialistas de suas experiências mas partindo de uma consciência clara da natureza do stalinismo e do maoismo, podemos encontrar muitos exemplos vívidos que ilustram uma análise marxista verdadeira, que não reduza a realidade a esquemas pré-concebidos ou a estereótipos, mas a mostre em toda a sua complexidade, encarnada no drama de seus protagonistas.


Essa é a história de três gerações da família da autora. Sua avó foi vendida como concubina a um senhor de guerra, que dera um golpe e fechara o parlamento da recém-criada república chinesa. Quando criança, ela teve os pés enfaixados para que não crescessem e ficassem pequenos quando adulta (o padrão de beleza feminino na época). Mais tarde, casou novamente com um médico empobrecido. Sua filha cresceu em uma época de mudanças para o país. A China fora dividida em esferas de influência pelas potências estrangeiras e atravessava uma guerra civil entre nacionalistas e comunistas. A jovem se filiou aos últimos, que via como os únicos que combatiam a invasão japonesa. E foi no movimento que ela conheceu seu marido e futuro pai de Jung Chang.

É nesse ponto que começamos a ver por dentro a estrutura e composição social do Partido “Comunista” e do Exército Vermelho. Eram camponeses, tradicionalmente desconfiados da gente das cidades, que identificavam com os opressores. Essa desconfiança se uniu à teoria de luta de classes stalinizada do partido comunista e sua direção monolítica que não admitia contestações e praticava uma vigilância constante contra os “desvios”.


Entretanto, Jung Chang também mostra a aceitação, de fato o apoio, que o partido desfrutava logo após a revolução. Ele unificara o país, abolira as relações feudais e fizera a reforma agrária; enfim, uma revolução nacional. Mas, ao mesmo tempo, ele não era um partido genuinamente socialista e internacionalista. A revolução chinesa seguiu a tradição nacional de levantes camponeses que derrubavam as velhas dinastias e assumiam seu lugar. Mao foi um líder camponês que, apesar de sua retórica, não possuía tradições democráticas. Seu ambiente sempre foi o de um aparato militarizado, onde o segredo, a dissimulação e a hierarquia eram os traços dominantes. A intrusão do serviço secreto russo nas cúpulas do movimento teve um papel corruptor adicional, já que as práticas da burocracia russa foram copiadas pelos chineses. Mao começou de onde Stalin parou, construindo um estado totalitário.


Apesar disso, é fato que não havia terror político no início da revolução. Os problemas começaram quando a situação econômica piorou e as diferentes alas da burocracia começaram a discutir qual era a saída. A interpretação até hoje aceita por muitos marxistas é que a ala de Mao procurava defender a economia planificada contra a outra, que defendia o retorno ao capitalismo. É uma visão esquemática, copiada do exemplo russo. A gestão econômica sob o comando de Mao provou ser um desastre, causando a grande fome dos anos 50. A Revolução Cultural, além de seu enorme custo humano, paralisou o país do ponto de vista econômico, já que esvaziou as escolas e universidades e condenou o ensino voltado para a técnica, sem falar da lavagem cerebral e do patrulhamento ideológico. A não ser o setor de armamentos, a fração de Mao não ajudou um único setor da economia a avançar. Além do mais, não havia uma tradição de um movimento operário revolucionário independente. A burocracia chinesa era muito menos tolhida pelo peso do passado revolucionário que a burocracia russa. Na China, a coisa se pareceu muito mais com uma simples briga de frações pelo poder, onde a questão sobre os rumos da economia exercia um papel secundário.

Os capítulos sobre a Revolução Cultural são os mais dolorosos e fascinantes. A autora faz análises interessantes e perspicazes sobre os processos sociais e a composição da guarda vermelha. Em um trecho, quando todos os livros estavam proibidos e só se admitia os “clássicos”, ela diz que a leitura de Marx a ensinou a pensar analiticamente. Uma admissão involuntária de que o marxismo não tem nada a ver com o maoismo! Ainda segundo Jung Chang, Marx a ajudou a começar a superar a lavagem cerebral inculcada nela.



A Revolução Cultural consistiu nisso: Mao, com o objetivo de se livrar de seus adversários no Partido, desencadeou uma tempestade popular ao dar vazão às frustrações e raivas de uma juventude que cresceu em um estado totalitário e que, de um lado, não tinha muitas possibilidades de expressão política e que, de outro, havia sido educada na idolatria fanática a Mao. Este deu-lhe um canal para expressar suas frustrações que, como sempre é o caso num ambiente totalitário, tomou um caráter totalmente negativo e se expressou através dos instintos mais baixos e dos costumes mais atrasados. A revolução “cultural” não combateu os velhos preconceitos, antes reforçou-os como uma forma de atacar os “costumes burgueses decadentes”. Uma amostra disso foi a teoria do sangue, de que um filho sempre carregará consigo o legado dos pais. Alguém cujos pais foram marcados como “burgueses” eram perseguidos. Num dos exemplos mais absurdos que a autora nos dá, um colega de seu irmão foi discriminado até o suicídio por ser filho de um “sapato usado”, isto é, uma mãe solteira.

Como sempre é o caso em um clima de histeria e fanatismo, muitos se aproveitaram para se livrar de quem não gostavam. Vários tiveram suas vidas destruídas por denúncias anônimas de invejosos. O pai de Chang era um militante incorruptível, genuinamente devotada à idéia da renovação da China. Foi subindo de posto até se tornar governador de província. Mas sempre rejeitou os privilégios tradicionalmente associados às autoridades, pois queria ajudar a criar uma nova cultura política, mais democrática. Era de uma austeridade quase fanática. Certa vez, sua mulher teve que ir andando até o hospital e quase morreu e perdeu o filho, porque ele se recusou a usar o motorista que estava à sua disposição por ser ele uma autoridade.



Com toda a sua integridade, ele não podia compactuar com a corrupção e perseguição desenfreadas da Revolução Cultural. Foi perseguido até a loucura e a morte.

Apesar do aparente caos das multidões de jovens atacando autoridades e destruindo monumentos culturais, havia um certo padrão em seus ataques, um centro de comando no “bando dos quatro” chefiado pela esposa de Mao, que, através de diversas correias de transmissão, chegavam aos guardas vermelhos, que nunca ultrapassavam os limites estabelecidos. Suas frases sobre “combater os reacionários”, “lugar às massas”, “pôr fim à burocracia”, que seduziram muitas pessoas no Ocidente, eram vazias, pois em um ambiente de fanatismo totalitário não era possível uma livre troca de idéias sobre os rumos da sociedade e o estabelecimento de uma verdadeira democracia socialista. A classe trabalhadora não se envolveu nessa “revolução”. O exército estava a postos para reprimir possíveis excessos. Os guardas vermelhos se constituíram na guarda pretoriana do regime totalitário de Mao. O historiador soviético Vadim Rogovim disse que eles, por seus métodos, composição social e objetivos, eram mais similares às SA (tropas de assalto) nazistas do que à KGB de Stalin. Eles depredavam e aterrorizavam a ala da burocracia contrária a Mao. Instauraram um clima de terror que subjugou toda uma nação e que se expressava, entre outras coisas, no recalcamento da sexualidade, e quando não eram mais necessários, foram descartados. Apesar de seus ataques à “burocracia”, não abalaram no mínimo grau a rígida hierarquia do regime maoísta, mas a reforçaram, quando a briga de facções terminou e o controle de Mao foi reafirmado.

Os custos humanos e sociais deste movimento foram altíssimos. Não há como não se emocionar com os sofrimentos de pessoas retratadas de forma tão simples e comovente por Jung Chang. Através da história de sua família, é o martírio de todo o país que ela nos revela, fato tão pouco conhecido no Ocidente, escondido como foi por décadas de desinformação, propaganda e desinteresse, mesmo do movimento de esquerda, em revelá-lo. É o resgate da história de seus compatriotas, viva e apaixonante, que ela empreende, um povo que por tanto tempo foi tratado apenas como números pelas potências estrangeiras e por seus próprios governantes.



Acima deste drama paira, como uma figura sinistra e onipotente, Mao Tse-Tung. Ao contrário de Stalin, que desde cedo foi submetido a uma crítica desmistificadora de sua pessoa e seu papel na Revolução Russa pelos marxistas (o principal deles sendo Trotsky), Mao, mesmo hoje, está envolto em mistério. Muitos pontos de sua versão oficial da história foram aceitos como verídicos mesmo por seus críticos. Até recentemente, era difícil contestá-los. A biografia que Jung Chang escreveu junto com seu marido John Halliday é a primeira grande tentativa de desmistificar o “grande timoneiro”.


“Mao – A história desconhecida”, no entanto, não atinge esse objetivo. Não está à altura de “Cisnes Selvagens” como documento histórico de grande valor.

A figura desse homem exerce um grande fascínio sobre a autora, como ela mesma confessa. Por isso mesmo, ela não consegue dar uma imagem verdadeira a ele em sua relação com o partido e a revolução. Querendo acabar com o mito do “sol radiante da humanidade”, ela nos apresenta a imagem de um supergênio do mal, um Darth Vader chinês, que a todos esmaga impiedosamente e a quem ninguém pode resistir. De um modo ou de outro, Mao continua a ser uma figura super-humana.
A grande força de “Cisnes Selvagens” é que ele dá voz a um povo que fora silenciado por muito tempo. Isso está ausente em “Mao”. Os chineses se transformam em meras cifras à medida que caem vítimas de Mao, ou são mostrados como incapazes, já que não podem resistir às suas investidas. É como se a China inteira fosse um teatro onde ele reinasse absoluto do princípio ao fim, e o povo chinês um mero coadjuvante sem vontade ou iniciativa.

Além disso, se o anticomunismo da autora era apenas um detalhe em seu primeiro livro, aqui ele se torna a mola propulsora, mostrando que o comunismo é inerentemente mau e que só pode atrair pessoas desprezíveis como o “grande timoneiro”. O livro está cheio de comentários e conclusões unilaterais e gratuitos, sempre com o objetivo de denegrir Mao e as idéias socialistas (aliás, parece que os autores deliberadamente ignoraram fontes que poderiam mostrar Mao sob uma luz menos desfavorável).



A (pouca) análise que fazem das condições sociais da China, da guerra civil e das figuras históricas é pueril. Tentam provar que os comunistas eram mais brutais e selvagens que os nacionalistas, sempre inventando novos métodos de tortura. Mas a verdade é que a China possuía uma cultura de violência e barbarismo que vinha de seu passado feudal e que penetrava em todos os setores, independentemente de suas bandeiras. O exército de Mao, moldado mais nas tradições camponesas de seu país e não sendo um movimento socialista consciente, não tinha como ser menos bárbaro que o de Chang Kai-shek. Mas não foi isso que lhe permitiu vencer a guerra civil, e sim no fato de que os comunistas eram a única força que apresentavam uma saída viável aos problemas sociais da China naquela época, ao contrário do capitalismo corrupto dos
nacionalistas.

Um exemplo gritante do unilateralismo dos autores é que eles gastam apenas alguns parágrafos para falar da selvagem repressão de Chang aos comunistas e militantes operários após o fracasso da revolução de 1927, que resultou em milhares de mortos, alguns após desumanas torturas (fato que ajudou a radicalizar o movimento chinês, pois mostrou que não era possível haver uma mudança social dentro das estruturas do regime capitalistas que Chang representava) e duas páginas inteiras para descrever o suposto prazer que Mao sentiu ao ordenar e testemunhar a morte de três fazendeiros.



O elemento de novidade que esse livro traria, documentos agora revelados que trazem fatos novos sobre o papel de Mao, o Exército Vermelho e suas relações com a Rússia, dilui-se num quadro geral em que a perversidade e a sede de poder de Mao é a única força motora da história, ao lado da estupidez de todos os que travaram relações com ele, amigos e inimigos. Uma biografia verdadeira de Mao, que dê a justa relação entre sua pessoa e a história da China, ainda está para ser escrita. “Mao – A história desconhecida” é apenas mais uma entre tantas biografias que periodicamente são lançadas e causam sensação, para logo serem esquecidas.


Coisa diferente deve acontecer com “Cisnes Selvagens”. Agora em que novas convulsões sociais agitam a China e se divisa no horizonte a entrada em cena de sua poderosa classe trabalhadora, este livro prestará inestimáveis serviços a uma geração que desperta para a atividade política. Os marxistas e socialistas que desejam participar desses futuros eventos e apresentar aos trabalhadores a bandeira de uma nova alternativa, limpa dos crimes do maoismo e do stalinismo, aprenderão bastante com ele.

Autor: Diego Siqueira,militante socialista de SP/Brasil

artigo de opinião

Texto de Elio Gaspari, domingo, Folha/O Globo/correio do povo:


A TEORIA NEGREIRA DO DEM SAIU DO ARMÁRIO


O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) é uma espécie de líder parlamentar da oposição às cotas para estimular a entrada de negros nas universidades públicas. O principal argumento contra essa iniciativa contesta sua legalidade, e o caso está no Supremo Tribunal Federal, onde realizaram-se audiências públicas destinadas a enriquecer o debate.

Na quarta-feira o senador Demóstenes foi ao STF, argumentou contra as cotas e disse o seguinte:
"[Fala-se que] as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. Gilberto Freyre, que hoje é renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual".
O senador precisa definir o que vem a ser "forma muito mais consensual" numa relação sexual entre um homem e uma mulher que, pela lei, podia ser açoitada, vendida e até mesmo separada dos filhos.
Gilberto Freyre escreveu o seguinte:
"Não há escravidão sem depravação sexual. É da essência mesma do regime".
"O que a negra da senzala fez foi facilitar a depravação com a sua docilidade de escrava: abrindo as pernas ao primeiro desejo do sinhô-moço. Desejo, não: ordem."
"Não eram as negras que iam esfregar-se pelas pernas dos adolescentes louros: estes é que no sul dos Estados Unidos, como nos engenhos de cana do Brasil, os filhos dos senhores, criavam-se desde pequenos para garanhões. (...) Imagine-se um país com os meninos armados de faca de ponta! Pois foi assim o Brasil do tempo da escravidão."

Demóstenes Torres disse mais:
"Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América. Lamentavelmente. Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos. Mas chegaram. (...) Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da economia africana".
Nós, quem, cara-pálida? Ao longo de três séculos, algo entre 9 milhões e 12 milhões de africanos foram tirados de suas terras e trazidos para a América. O tráfico negreiro foi um empreendimento das metrópoles europeias e de suas colônias americanas. Se a instituição fosse africana, os filhos brasileiros dos escravos seriam trabalhadores livres.

No início do século 20 os escravos não eram o principal "item de exportação da economia africana". Àquela altura o tráfico tornara-se economicamente irrelevante. Ademais, não existia "economia africana", pois o continente fora partilhado pelas potências europeias. Demóstenes Torres estudou história com o professor de contabilidade de seu ex-correligionário José Roberto Arruda.

artigo de opinião

CUBA: A imperdoável morte de Zapata


Por: Mercedes Petit

Sabemos que a mais de 50 anos o imperialismo Yanqui tenta varrer do mapa a revolução cubana, apoiando um direita teimosa exilada em Miami. Sempre alentamos a defesa de Cuba e a luta para acabar com o bloqueio econômico. É imprescindível reiterar tudo isso para falar de Orlando Zapata Tamayo,42 anos, que 2m 23 de fev. morreu depois de 83 dias de greve de fome, protestando por melhorias em sua situação carcerária.


Para o povo cubano(e o resto do mundo)a única informação oficial que apareceu ,foi quatro dias depois em um artigo no Granma ,o jornal oficial do Partido Comunista Cubano. Ali se disse que era um preso comum ,um delinqüente ,que havia sido “maquiado” de preso político e utilizado pelos “inimigos internos e externos da revolução”. Seja um preso comum ou um opositor político ,é repudiável a atuação do governo ,da justiça e do regime castrista que levou a Zapata a morrer nessas condições subumanas


Lamentavelmente vem a memória o caso do lutador irlandês Bobby Sands, deixado morrer em 1981 por Margaret Thatcher, depois de 66 dias de greve de fome. Em 2008 o legendário cantor Sílvio Rodrigues(insuspeito “opositor”) em uma turnê do país junto com outros artistas, trouxe a público que as prisões são uma das partes mais “dolorosas e incomodas “ da realidade cubana. Também é repudiável que o pvo cubano não possa ter acesso a uma informação completa e verificável sobre todas as circunstâncias e implicâncias políticas que deram lugar a essa morte e não podem debate-las livrimente. Tudo isso enlameia a causa do socialismo

A morte de Zapata nos remete ao mais grave dos problemas :que em Cuba existe um regime de partido único,uma ditadura estalinista. Além do controle monolítico e total de todos os meio de comunicação,os trabalhadores e estudantes não tem nenhum direito para protestar, não tem liberdade para discutir e organizar-se para defender suas conquistas revolucionárias e melhor combater a direita pró-yanqui.



FONTE: El Socialista. Izquierda Socialista, Argentina

É 8 DE MARÇO DE 2010 E O FEMINISMO NÃO ESTÁ ULTRAPASSADO


Nathália Boni Cadore
Estudante de História/UFRGS
1° quadrinho: "Bom, eu não sou feminista nem nada, mas a gente merece iguais oportunidades de trabalho".
2° quadrinho: "Acho que as mulheres precisam de licença-maternidade e creches infantis decentes, mas não
pense que sou uma dessas feministas lunáticas".
3° quadrinho: "Não acho justo que mulheres recebam 70 centavos para cada dólar que um homem ganha, mas
não é que eu seja feminista nem nada".
4° quadrinho: "A gente pode ter um longo caminho pra percorrer ainda, mas acho que o feminismo está
bastante datado, não?". Uma mão patriarcal lhe dá um tapinhas nas costas e diz: "Boa menina".
Essa história em quadrinhos foi publicada no excelente blog Escreva Lola Escreva1, da feminista Lola Aronovich, mais especificamente no post "Feminismo pra quê?"2, de 23 de abril de 2008. A tradução das falas dos quadrinhos foi feita por Lola, quem me concedeu
a liberdade de reproduzi-la aqui.

Os quadrinhos evidenciam um sintoma muito atual, e nos levam rapidamente à seguinte pergunta: por que muitas mulheres fazem questão de enfatizar, após alguma afirmação em prol dos direitos femininos, que "apesar disso, eu não sou feminista"? Por que é tão importante deixar claro que não se é "uma dessas" – essas tais de feministas? "Feminismo" se tornou um termo extremamente negativo e assustador, portanto é comum o esforço de algumas mulheres em frisar que não se identificam com ele – apesar de concordarem ou acreditarem em algumas causas específicas das mulheres. A questão é que o feminismo não é uma coisa de outro mundo, não é nada extraordinário. As feministas, com toda sua diversidade de pensamento, evidentemente, não divergem das opiniões das moças dos quadrinhos acima. Também as feministas não são mulheres neuróticas, mal amadas e radicais que querem castrar os homens – por mais que esse estereótipo ou algo parecido com ele venha sendo amplamente difundido desde que o feminismo existe.
1 http://escrevalolaescreva.blogspot.com/ (Acesso em: 07 de março de 2010)

2 http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2008/04/feminismo-pra-qu.html (Acesso em: 07 de março de 2010)

Constantemente o termo "feminismo", no senso comum, remete a algo ultrapassado ou sexista, devido ao esforço consciente, sem dúvida, daqueles que objetivam mascarar os conflitos sociais e a opressão machista através da divulgação de visões de mundo que denotam um (aparente) fim da subalternidade feminina, em um esforço que visa a acomodação e a normatização das mulheres. Isto é, "está tudo bem com a nossa sociedade,
a mulher atual é moderna, não existe mais machismo, todos somos iguais – logo, não é
necessário alvoroço, continuemos assim".

Evidenciar a opressão das mulheres se tornou um absurdo, visto que os meios de comunicação buscam demonstrar, através de diversas linguagens, como atualmente somos todos iguais, como não há mais paternalismo, as mulheres até trabalham fora, até podem ser
intelectuais, "se cuidar" e conseguir criar os filhos ao mesmo tempo, vejam só que habilidosas. Por que reclamar então? Dessa forma, muitos homens e muitas mulheres vêem o feminismo como algo "ultrapassado", "radical", "sexista" ou até "preconceituoso".

A normatização e a opressão em relação ao gênero feminino existem hoje, como vêm existindo há séculos. Apenas com formatos diversos e definidos por contextos históricos diferentes. Como alguém pode afirmar que hoje não existe desigualdade nem opressão de gênero, enquanto a sociedade constantemente normatiza o feminino, seja colocando a mulher e sua sexualidade como uma mercadoria ou seja naturalizando valores atribuídos ao gênero feminino, que nem sempre são os que nós, mulheres, aspiramos?

Como alguém pode dizer que não há opressão, enquanto uma mulher não pode pegar umônibus ou andar na rua sem ser abordada das formas mais esdrúxulas, como se o seu corpo fosse público? Como pode existir igualdade, enquanto uma mulher ativa sexualmente
recebe como atribuição, ao contrário de um homem com as mesmas práticas, os mais desprezíveis adjetivos? E enquanto existe a idéia de mulheres para "se divertir" e para"casar". E enquanto uma mulher ofendida e humilhada – como a garota da UNIBAN, ou até estuprada, é culpada por "provocar" os homens.

E enquanto nos são impostos inatingíveis padrões de beleza. E enquanto nossa opinião não é valorizada porque somos
mulheres. E enquanto não possuímos liberdade para lidarmos com nosso corpo. E enquanto não temos uma representação política no Brasil condizente com o número de nossas habitantes... Como alguém pode afirmar que o feminismo é ultrapassado, quando milhões
de mulheres, diariamente, são humilhadas e violentadas das mais diversas formas, emocionalmente e fisicamente, apenas pelo fato de serem mulheres?

O feminismo não é um conjunto homogêneo de idéias – ele possui uma história e uma historicidade: não é o mesmo no século XIX e nos anos 60. Contudo, o objetivo desse texto não é retomar a história do feminismo, suas teorias, vertentes ou práticas. O que interessa aqui é que "o ponto fundamental da doutrina feminista, muito variada e articulada sobre cada um dos problemas e soluções propostos, é de que existe uma peculiar opressão de todas as mulheres. Esta opressão, que se manifesta tanto a nível das estruturas como a nível das superestruturas, assume formas diversas nas várias classes"3 [grifo meu]. Porém, é
importante sublinhar que o feminismo não visa uma vitimização das mulheres, e sim o reconhecimento da desigualdade e da necessidade de uma transformação.

As mulheres, em nossa sociedade, não são vistas como iguais – "vistas" segundo a perspectiva predominante, que é a do "centro" – e corresponde ao estereótipo do homem
branco heterossexual. O que está fora desse padrão dominante é o secundário "excêntrico",
que apenas deve conformar-se e acomodar-se nos limites e na lógica estabelecida. Tal falta
de reconhecimento do gênero feminino acarreta em diversas formas de falta de redistribuição de direitos a esse grupo – seja isso formalizado na legislação ou não. Não devemos ter receio de estudar e de conhecer o feminismo, de pensar e agir como feministas, de admitir e de sermos feministas. Porque ele – o feminismo – definitivamente não está ultrapassado. Por mais que sempre tentem nos impor o contrário.

O feminismo não é um "machismo ao contrário"

3 CONTIODORISIO, Ginevra. Feminismo. In: BOOBIO, Norberto; MATEUCCI, Nicola; PASQUINO,
Gianfranco. Dicionário de Política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998, p. 486.
Um dos argumentos presente nos discursos anti-feministas atuais, que fundamenta o medo ou a aversão das próprias mulheres ao feminismo, e por conseqüência a frase "mas eu não sou feminista, viu?", é o que consiste na equiparação do feminismo e da luta feminista ao machismo e suas práticas. Isto é, a idéia de que ser feminista é como ser machista, é buscar pela sobreposição, dominação e desvalorização de um gênero em relação ao outro. A diferença seria apenas e ironicamente "uma questão de gênero".

Essa concepção é completamente equivocada por inúmeras razões. Uma das mais evidentes é que o feminismo se desenvolveu a partir de um grupo social em posição distinta e inferiorizada em relação ao sexo masculino, em um contexto histórico distinto. Isto é: não podemos comparar coisas incomparáveis. O feminismo e o machismo são categorias de análise diferentes, apesar da aparente proximidade devido ao sufixo "ismo". Não podemos igualar tais categorias, nem em uma oposição. Pois são conceitos de naturezas diferentes, que correspondem a grupos em posições sociais historicamente diferentes. O movimento feminista nunca vai ser um "tipo de machismo" porque o grupo social que o desenvolveu e
desenvolve não é o dominante e opressor – ao contrário do machismo. Além do fato evidente de que a causa feminista não é subjugar o gênero masculino.

O princípio do machismo é a superioridade do masculino em relação ao feminino, com a finalidade, implícita ou explícita, de manter o sexo feminino como secundário – subjugado e inferiorizado em todos os níveis do convívio humano, às vezes de formas mais sutis ou enraizadas do que outras. Dessa forma, o machismo fundamenta diversas construções tradicionais acerca dos significados atribuídos aos papéis de gênero e acerca da sexualidade humana. Tais construções sustentam as estruturas de poder que regulam as relações humanas.

No entanto, o machismo, além de proporcionar privilégios aos homens, também pode exercer um efeito corrosivo sobre eles. Indivíduos que se identificam com o gênero masculino, mas que fogem a determinados padrões impostos de masculinidade, por
exemplo, também sofrem com o machismo. Muitas vezes, no senso comum, se associa a
orientação sexual com a identidade de gênero: indivíduos do gênero masculino devem
possuir uma orientação sexual heterossexual – direcionada para o desejo de contrair
relações afetivas e sexuais com o gênero feminino, pois isso faz parte do que significa a
masculinidade. Essa idéia, que é uma das características construídas acerca dos papéis de
gênero, acaba por legitimar a heteronormatividade e a homofobia, por exemplo.
Em suma, o machismo não afeta apenas o gênero feminino. Ele constituiu uma série
de fundamentos para construções sociais reguladoras de relações de poder que influenciam
e naturalizam comportamentos e visões de mundo em toda a sociedade, independentemente
da identidade de gênero ou da orientação sexual.

O movimento feminista é fruto de uma reação à opressão, uma reação às concepções
e comportamentos machistas que se perpetuam sob diversas formas no Ocidente desde que
o mundo é mundo, e que são os fundamentos das mais excludentes, intolerantes e violentas
ações. Portanto, não podemos equiparar um movimento de contestação, que visa a
libertação feminina da opressão naturalizada e das construções tradicionais acerca do
gênero e da sexualidade, à prática recorrente e instituída de desvalorização, exploração, humilhação e exclusão das mulheres. O feminismo não pretende subjugar o gênero
masculino, e sim transformar as concepções de gênero e o comportamento da sociedade,
em uma busca por novos valores que fundamentem novos tipos de relações humanas, nas
quais a diversidade seja valorizada, e não repreendida.

8 de março

Toda mulher, e todo homem inteligente, deveria ser feminista. O Dia Internacional
da Mulher é uma data para lembrarmos disso, para retomarmos o debate sobre o que
significa ser feminista na atualidade, e para retomarmos essa luta histórica por uma
mudança de comportamento, de valores e de cultura, não só acerca do feminino, mas do
gênero, das relações de gênero e da sexualidade como um todo. Como Alexandra Kolontai4
já afirmava no início do século XX, não basta mudarmos as leis, nem os sistemas políticos
ou econômicos. É preciso uma transformação radical e qualitativa na concepção de gênero,
de família e nas relações humanas. E o feminismo e sua prática cotidiana são uma via para
isso.

Aqueles e aquelas que não gostam, não concordam ou são indiferentes ao 8 de
março possuem diversas razões para isso, e também diferentes intenções. Não venham me
dizer que é discriminação com os homens existir um dia para as mulheres, já que somos
todos iguais. E não venham me dizer que todo o dia é (ou deveria ser) dia da mulher, por
isso não precisa existir uma data específica. A data em si, evidentemente, não é o que
importa. O que importa é o reconhecimento de que merecemos um dia para nós. Não para
as floriculturas anunciarem o 8 de março na busca por um aumento das vendas, longe disso.
Não para comemorar. E sim para repensarmos porque temos e merecemos um dia
diferenciado: é porque não estamos, na realidade, em uma posição igual na sociedade.
Possuímos posições diferenciadas, em todas as esferas do convívio humano – somos o
desvio do padrão dominante, que é o homem (branco e heterossexual). Algumas são mais
"desviadas" que as outras. Mas isso não significa que seremos o desvio para sempre –
muito menos que alguém deva ser.

4 KOLONTAI, Alexandra. A Nova Mulher e a Moral Sexual. São Paulo: Expressão Popular, 2008.