26/02/2010

Documentos encontrados na UCC (Universidade Católica de Caxias do Sul) trazem novamente à tona a perseguição política a opositores do regime militar – ou pessoas tidas como tal – dentro da UFRGS. Os documentos, inéditos, pertenciam ao acervo do sociólogo Laudelino Teixeira de Medeiros, membro da CEIS – Comissão Especial de Investigação Sumária.
"É uma surpresa, incrível! Eu achava que alguém tivesse destruído os documentos, porque são comprometedores", disse Lorena Holzmann, professora titular de sociologia da UFRGS, que coordenou em 2008 a reedição do livro "Universidade e Repressão - Os expurgos na UFRGS" (L&PM editores). Os autores nunca tiveram acesso às atas. A professora contou 17 docentes cassados em 1964.Mais pode ser lido no link  


Trata-se de importante uma importante documentação histórica sobre a participação política dentro da Universidade. Infelizmente, o DCE da UFRGS é hoje comandado por estudantes ligados ao PP e ao DEM, com discurso de oposição à participação política. Esses estudantes são os netos da Ditadura militar,o que fica demostrado quando se reúnem a portas fechadas com a corrupta Yeda ou com o mega-empresário Gerdau. Muitos como, João Carlos Haas Sobrinho, presidente do centro acadêmico da Faculdade de Medicina, um dos comandantes da guerrilha do Araguaia e morto em 1972,tombaram na luta por uma sociedade mais justa. Por ele, por todos os mortos, torturados pela ditadura, para que nunca mais aconteça exigimos que sejam abertos os arquivos da UFRGS.

24/02/2010

Bem Vindos Calouros Da UFRGS 2010/1

Mais um ano se inicia e nós da Juventude Vamos A Luta gostaríamos de saudar os calouros 2010/1 da UFRGS.
  • Matemática:
Olá colega da matemática
Nós da juventude vamos à luta gostariamos de parabenizá-lo por seu sucesso no concurso vestibular e dar-lhe as boas vindas a UFRGS e a essa nova fase de sua vida.
Somos um coletivo que luta pelos direitos dos estudantes e por melhorias na universidade, estando presente nos mais diversos cursos como história, geografia, pedagogia, ciencias socias, matemática entre outros. Para auxiliar na melhoria da qualidade do curso de matemática achamos necessário lutar por:
Mais Bolsas e aumento salarial para monitores: Algumas cadeiras como Cálculo apresentam muitos alunos com dificuldade e que necessitam de um acompanhamento especial que não pode ser dado nem em sala de aula  nem em monitorias lotadas. Por isso exigimos mais monitores para auxiliar os alunos! Aproveitamos para convocarmos todos para reunião sobre a campanha salarial dos bolsistas no dia 24/02.
Mais projetos de pesquisa e extensão: Muitos alunos do campo de exatas ainda não têm acesso a projetos de pesquisa e extensão voltados a seus cursos, impossibilitando seu desenvolvimento e sua integração a realidade do curso. Exigimos maior número de projetos de pesquisa e extensão!
Sabemos que o curso de matemática e a UFRGS apresentam muitos problemas, como muitos professores substitutos, que infelizmente não podem ter dedicação exclusiva, falta de livros nas bibliotecas, filas que demoram até 40 minutos no R.U, etc.
Infelizmente nosso diretório acadêmico(DAEMA) não cumpre seu papel de estar lutando por melhorias na universidade. Mesmo assim é possível lutarmos por nossos direitos e é por isso que o Vamos à Luta – Matemática está do teu lado nesta caminhada.
Solidariedade às vítimas do Haiti – Este também é o nosso papel!
Atualmente estamos realizando uma rifa que custa R$2,00 do livro “Os Jacobinos Negros”, que conta um pouco da história deste país com o objetivo de agariar fundos para auxiliar o povo haitiano que perdeu tudo que tinha com os últimos acontecimentos, essa rifa terá toda renda dirigida as organizações populares do Haiti.
Entre em contato com o Vamos à Luta – Matemática!
Convidamos a ti estudante de matemática para se juntar a nós nessa luta por uma UFRGS que ofereça um ensino público gratuito e de qualidade para todos e para juntos fortalecermos o poder do estudante dentro da universidade.
Para mais informações nos procure na internet:
MSN Guilherme: paipptn@hotmail.com

  • Geografia:
Boas vindas geografia

17/02/2010


O Haiti precisa de comida, não de armas! De médicos, e não de mais soldados!




Diego Vitello – Estudante de História e da Juventude Vamos à Luta


Fabiano “Pereira” - Estudante de Ciências Sociais e da Juventude Vamos à Luta


A magnitude da tragédia haitiana, como consequência do terrível terremoto acontecido no dia 12 de janeiro, comoveu o mundo inteiro. As cifras oficiais já chegam a 250 mil mortos e podem ser muitos mais. Praticamente toda a frágil infra-estrutura da capital Porto Príncipe desabou ou foi afetada de alguma forma

Três milhões de irmãos haitianos perambulam pelas ruas tentando achar, resgatar ou enterrar seus familiares ou amigos. A fome e as epidemias, que já eram signo distintivo do regime da MINUSTAH (nome da missão de ocupação da ONU), se exacerbaram, ainda mais. Infelizmente a situação tende a piorar para os milhões de desabrigados pois se avizinha em abril a estação das chuvas. Diante desse realidade é impossível que nós, estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fechemos os olhos para esta realidade. Os que subscrevem este texto pensam que temos que abrir o debate em toda a UFRGS sobre a situação haitiana.

Um pouco de história

Aos efeitos devastadores do terremoto, se combinaram centenas de anos de colonialismo e saque imperialista, deixando o país sem condições de resposta, multiplicando, sobre o povo, as infelizes consequências. Este é o preço que os donos do capital impuseram a este povo heróico, o primeiro país latino-americano a conquistar sua independência, em 1804, após uma sangrenta rebelião de escravos negros que expulsaram os escravocratas franceses. À época, a notícia se espalhou como um rastro de pólvora , gerando um ódio gigantesco na elite branca que explorava mão-de-obra escrava em toda a América Latina. Com esta verdadeira revolução, os haitianos transformaram os latifúndios que antes se destinavam somente à exportação de açúcar, em pequenas propriedades unifamiliares dedicadas à subsistência. 

Os embargos econômicos das potências imperialistas, dificultaram enormemente a vida deste povo lutador. A partir do século XX, os EUA intervieram militarmente para impor ao país ditaduras sangrentas e a volta da grande propriedade rural. As pequenas propriedades que restaram foram sendo expropriadas por governos ditatoriais como o de Papa Doc e Baby Doc. Isto gerou uma migração em massa e muita pobreza nas grandes cidades, cujo maior exemplo é Porto Príncipe. Essa miséria humana mais uma vez transformou-se em uma imensa fonte de lucro para as multinacionais que utilizam das dificuldades do país para pagar salários mensais que equivalem a R$115 em suas famigeradas maquiladoras instaladas em território haitiano.


O que a grande mídia brasileira se nega a dizer: Qual é o verdadeiro papel das tropas Brasileiras e da ONU?


Vale à pena voltarmos brevemente na história para vermos em que circunstâncias começou a ocupação militar brasileira no Haiti. Em 2004, os EUA de Bush intervêm mais uma vez com força no Haiti e depõe o presidente eleito Jean Aristide. Em que pese a que ele já vinha se afastando de suas raízes populares e de esquerda(Aristisde é uma grande referência da chamada teologia da libertação, que organiza a esquerda católica), o seu governo despertava um importante patamar de mobilização do povo. Bush, já empantanado e gastando trilhões de dólares com sua guerra no Iraque e no Afeganistão, pede a seu “amigo”(como ele mesmo chamou) Lula que suas tropas chefiem uma ocupação militar que devolvam a “ordem” ao Haiti e “ajudem” o novo governo pró-imperialista de René Preval a manter o povo em estado de miséria e exploração extrema. Enquanto isso, Lula era ovacionado pela imprensa brasileira que dizia que as tropas brasileiras iriam pacificar o Haiti. Desde lá, o presidente brasileiro ordenou gastou de mais de 600 milhões em armamentos, enquanto sua recente “ajuda humanitária” foi de apenas 15 milhões. Agora o próprio governo imperialista de Obama colocou 12 mil soldados(“Marines”) para ajudar Lula na sua política. Mas “o que o Brasil e a ONU fizeram em seis anos de ocupação no Haiti? As casas feitas de areia, a falta de hospitais, a falta de escolas, o lixo. Alguns desses problemas foram resolvidos com a presença de milhares de militares de todo mundo”? (carta de Otávio Calegari Jorge – pesquisador da UNICAMP em Porto Príncipe)

Mas o que estes senhores da grande mídia e do governo chamam de pacificar e colocar ordem? Em primeiro lugar alguns fatos: em agosto de 2009, junto com a greve de 2 semanas dos operários têxteis, milhares de trabalhadores haitianos saíram às ruas pelo aumento do salário mínimo para cerca de R$190 reais, ou 200 gourdes. As tropas da MINUSTAH, comandadas pelo Brasil, reprimiram ferozmente as manifestações, matando dois operários. No primeiro ano da ocupação militar, milhares de estudantes saíram às ruas de Porto Príncipe para protestar por mais professores nas escolas e melhorias no sistema educacional, as tropas mais uma vez reprimiram, gerando uma morte. Estes são apenas dois de muitíssimos fatos que desmascaram o papel das tropas de Lula no Haiti.


Chamamos os estudantes da UFRGS à prestarem sua solidariedade ao povo haitiano


Neste momento tão drástico e difícil para o povo haitiano, não podemos mais do que iniciar uma solidariedade ativa e prática. Demonstrações imensas de solidariedade já estão sendo dadas pela CONLUTAS e diversos sindicatos do país, como o dos Metalúrgicos e o dos Químicos de São José dos Campos, onde os operários votaram em assembléia que 1% do salário de cada um vá para as organizações operárias e populares do Haiti.

Aqui na UFRGS, uma pequena e modesta iniciativa já está sendo feita e queremos que este espírito se espalhe pela nossa Universidade. A Juventude Vamos à Luta, coletivo de estudantes do qual fazem parte os que subscrevem este texto, está promovendo uma rifa de R$2,00 cada número para concorrer ao livro Os Jacobinos Negros da editora Boitempo e que conta a história da Revolução Escrava que libertou o Haiti no ano de 1804. O dinheiro arrecadado será enviado diretamente à organização operária, popular e estudantil ROZO(Rede de Organizações da Zona Oeste), que são 25 organizações dos bairros pobres de Porto Príncipe, onde a “ajuda humanitária” dos Estados praticamente não chegou.

14/02/2010

Arruda na cadeia,agora só falta Yeda


Fora Arruda!
Supremo mantém prisão de governador do DF; ampliar campanha por punição

Supremo Tribunal Federal negou o habeas corpus ao governador do Distrito Federal, que continuará preso pelo menos até quarta-feira de cinzas; é hora de intensificar a campanha pela punição dos corruptos e corruptores da capital federal

Nesta quinta feira (11), o governador do Distrito Federal (DF), José Roberto Arruda (ex-DEM), foi preso por determinação do Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Esta decisão foi determinada por 12 votos a 2 e ocorreu após de uma série de manifestações que exigiam a sua saída. Na sexta feira à tarde o Supremo negou o habeas corpus pedido pelos advogados.
Mesmo acuado, o ex-governador continuará com seu esquema, agora tentando intimidar e corromper testemunhas no processo que é movido contra ele. Arruda já tentou subornar o jornalista Edmilson Edson dos Santos, conhecido como Sombra, para fazer com que o mesmo mentisse em depoimento à Policial Federal. Por este motivo, o TJ decidiu pedir sua prisão preventiva e de mais cinco assessores e aliados.

A Procuradoria da Republica pediu intervenção federal no DF. Manifestantes fizeram  vigília no Supremo Tribunal Federal onde foi julgado o pedido de habeas corpus.
Enquanto a população nas ruas comemora a prisão e está disposta a continuar a mobilização para que não acabe em pizza, o presidente Lula faz declarações lamentando o episódio e pedindo moderação. Lula teve a cara de pau de dizer que não é bom para a consciência política do Brasil que um governador vá para a cadeia. Ou seja, para o presidente o bom mesmo é que o povo aceite a corrupção e a bandalheira de governos e políticos como algo normal e de cabeça baixa. Um absurdo!

Mas essa opinião pegou tão mal que ele foi obrigado a dar uma declaração dizendo que a prisão de Arruda deveria servir de exemplo contra a corrupção.
Já a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) publicou nota afirmando que a Justiça agiu como é de seu dever. Disse ainda a nota, assinada pelo presidente Ohir Cavalcante: "Não bastassem as cenas indecorosas de vídeos que falam por si, mas que não geraram efeito prático, a paralisia que se seguiu estimulou os infratores a obstruir as investigações. A prisão, requerida pelo Ministério Público Federal, decretada pelo ministro Fernando Gonçalves e confirmada pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, repõe a ordem, a lei, o bom senso e confere esperança à sociedade de que é possível derrotar a corrupção."





Mobilização contra impunidade - A Conlutas participa das manifestações que estão ocorrendo desde o ano passado denunciando o “mensalão do DEM” e acredita ser necessário prosseguir com as manifestações, exigindo a punição e a prisão de todos os corruptos e corruptores, a expropriação de seus bens e eleições gerais imediatas no DF. Afinal, com a prisão de Arruda quem assumiu o governo foi o vice-governador, Paulo Octávio (DEM). Como a própria grande imprensa diz, é um empresário do ramo da construção civil e um dos homens mais ricos do Distrito Federal. Aliás, ele é um dos envolvidos no escândalo de corrupção.

Nesta sexta feira (12), os movimentos sociais, sindicatos e centrais sindicais como a Conlutas, CUT e CTB, se reúnem para definir novos passos.

A Conlutas defende um dia de paralisação em Brasília contra a corrupção unificado com as campanhas salariais que estão em curso e uma ampla mobilização dos trabalhadores e da juventude, única forma de garantir que se avance com as investigações e com a punição de todos os corruptos e corruptores.

    Bloco no carnaval contra a corrupção - Em Brasília, marchinhas estão tomando as ruas denunciando a corrupção e exigindo o “Fora Arruda”. O movimento sindical também está organizando um bloco que pretende levar para as ruas um grande protesto no carnaval com mascaras e alegorias contra a roubalheira que se instalou na capital federal. No domingo (14), haverá o desfile oficial contra a corrupção.                                               




12/02/2010

Mário Maestri:
O Haiti precisa de médicos e
engenheiros e não de soldados
.
Por Igor Ojeda, da Redação do Brasil De Fato  

Mulher haitiana vítima de furacão
Historiador diz que é urgente a saída imediata e incondicional das tropas de ocupação brasileiras no Haiti. E que sejam substituídas por médicos, enfermeiros, engenheiros e agrônomos. Que a bandeira brasileira não siga servindo de mortalha ao povo haitiano!

P - A grande mídia nacional e mundial lembra que a extrema pobreza do Haiti agravou as consequências do terremoto. Ela nada diz sobre as causas dessa pobreza. Por que o Haiti é o país mais miserável do hemisfério ocidental?
Mário Maestri - A pobreza extrema do Haiti é uma construção histórica bicentenária, produto da incessante intervenção colonialista e imperialista, em boa parte devido precisamente a ter sido o Haiti, a ex-colônia francesa Saint-Domingues, a pérola da produção escravista açucareira, a primeira e única nação negreira onde os trabalhadores escravizados insurrecionados obtiveram a liberdade, em 1804. Isso, após derrotar expedições militares francesa, inglesa e espanhola. Ao se transformar no segundo Estado americano a obter a independência, após os Estados Unidos, e o primeiro a abolir a escravidão, o Haiti passou a ser temido, como exemplo para os cativos americanos. Apesar do cordão sanitário em que se envolveu a ilha, repercussões da revolução fizeram-se sentir no Brasil escravista. O Haiti foi objeto de bloqueio quase total, nos seus primeiros anos, pelas nações metropolitanas, e até mesmo americanas independentes, que chegaram a apoiar, na luta pela autonomia. Já em 1825, foi obrigado a pagar, sob pena de agressão militar, pesadíssima indenização à França, estimada em atuais 21 bilhões de dólares! Conheceu, no século 20, intervenções militares dos EUA, que, mesmo após a desocupação, em 1934, transformaram o país em semicolônia, sobretudo através das sinistras ditaduras dos Duvalier, Papa-Doc e seu filho Baby Doc.

P – É enorme a população haitiana vivendo em Porto Príncipe em favelas. Esse foi um dos fatores determinantes do alto número de vítimas do terremoto. Por que essa forte migração do campo para a cidade?
R - O regime histórico da propriedade da terra no Haiti foi a plantagem escravista. Com a revolução de 1804, houve importante divisão de latifúndios em lotes unifamiliares, que retomaram as tradições camponesas negro-africanas, ensejando independência alimentar. Isto não produzia excedentes mercantilizáveis, capazes de serem apropriados pelo neo-colonialismo, e exigidos para o pagamento da dívida da Independência. As intervenções imperialistas, com a colaboração das frágeis e corruptas elites negras e mulatas, desdobraram-se para metamorfosear a agricultura familiar-camponesa em mercantil.
Importantes levantes camponeses foram duramente reprimidos para reconstituir a grande propriedade. A expropriação da terra e reversão para produtos comerciais ensejou enorme migração urbana, nascida também da depredação do meio ambiente, com o desmatamento selvagem para produção de carvão vegetal, com o aumento do combustível doméstico, impostos pelo imperialismo e organismos internacionais, para a recuperação da economia. As enormes massas de miseráveis urbanos são vistas como mão de obra extremamente barata às indústrias maquiadoras que se estabeleceram no Haiti. As forças brasileiras e da ONU têm reprimido duramente as manifestações pelo aumento do ínfimo salário mínimo.

P - Seis anos após o golpe contra Aristide e a chegada da Minustah, a situação não melhorou? Por quê?
R – A intervenção militar franco-estadunidense, orquestrada pelo governo Bush, afastou o presidente constitucional Jean-Baptiste Aristides, em 29 de fevereiro de 2004. Ainda que ele tivesse rompido com suas antigas raízes populares e de esquerda, quando deposto, seu governo lutava por autonomia relativa e despertava a mobilização social. O que era inaceitável, em uma região próxima de Cuba e fundamental aos EUA. Devido ao envolvimento no Iraque, Bush 2º convocou o presidente Lula da Silva para capitanear a ocupação militar [e pagar seus custos, é claro], participando da organização do governo títere pró-imperialista. Essa ocupação deveria reorganizar a ilha segundo os interesses políticos do grande capital, sobretudo franco-estadunidense, com algumas migalhas para os brasileiros. O governo Lula da Silva aceitou o convite envenenado para fortalecer seu objetivo de ingressar, inferiorizado, sem direito, como membro do Conselho de Segurança Permanente da ONU. O grande sonho da diplomacia tupiniquim.
Foi também concessão à alta oficialidade das forças armadas brasileiras, com interesses econômicos, políticos e ideológicos na operação. Serviria também para treinar tropas na repressão urbana, em região socialmente parecida, social e etnicamente, a das favelas, sobretudo do Rio de Janeiro. Nos últimos seis anos, as tropas brasileiras comandaram a repressão, praticamente sem qualquer oposição por parte da imensa maioria dos partidos, sindicatos, organizações etc. ditos populares e de esquerda do Brasil. Destaque-se o silêncio do movimento negro organizado, atrelado ao governismo. A prova dos nove dessa intervenção se deu durante e, sobretudo, após essa terrível catástrofe, com a total ausência de Estado e de instituição haitianas autônomas, que jamais se pretendeu criar. Apenas o presidente René Preval funciona como testa de ferro ao despudorado intervencionismo internacional em nome da solidariedade que acaba de se concluir com a literal ocupação militar maciça dos EUA no país, que ignorou olimpicamente a ONU e o seu preposto brasileiro, que já não sabe mais onde se meter e o que fazer. Hillary acaba de propor que o parlamento e o presidente deem carta branca aos Estados Unidos nas operações!

P - Fala-se em "desconcentrar" a capital, incentivando o retorno da população aos povoados de origem. Seria isso uma boa ideia? Quais as possíveis consequências?
R – A operação humanitária tem se dado no contexto de enorme desprezo imperialista, prenhe de um imenso racismo cada vez menos implícito. Realidade que se registra na proposta de enviar parte da população urbana ao campo sem qualquer consulta à mesma! Destaque-se o claro corte polpotiano da proposta, e que parte dessa população não tem mais raízes agrárias. Não podemos esquecer, também, que não há campo em condições mínimas para incorporar os que aceitassem a solução – acesso à terra; recursos contra a erosão, falta de água; financiamento; ajuda durante os primeiros tempos; preços mínimos etc. Eram miseráveis urbanos, aos olhos do mundo seriam miseráveis rurais, mais discretamente. Após a terrível passagem do furacão Jeanne, em 2004, a única contribuição real da chamada comunidade internacional foi a reorganização da polícia, para reprimir os seguidores de Aristides, o que fizeram com enorme capacidade e muita dor e sangue.

P – Qual sua avaliação sobre a atuação que a comunidade internacional vem tendo em relação ao terremoto no Haiti, como, por exemplo, o anúncio da liberação de centenas de milhões de dólares?
R – O que vemos, até agora, passada uma semana do desastre, é desassistência, indiscutivelmente responsável por dezenas de milhares de mortos. A imensa maioria da população continua na total desassistência. Dizer que não era possível chegar aos necessitados por razões logísticas é piada. Se fosse insurreição popular desarmada, em dois dias haveria um soldado imperialista em cada esquina! No frigir dos ovos, muito se falou e pouco se fez. Até porque o objetivo era esse. Por além dos bem intencionados, há uma enorme indústria internacional, ligada estreitamente, ideológica, política e economicamente, ao imperialismo, de milhares de pequenas, médias e grandes ONGs, especializadas na assistência às catástrofes, que necessitam e se locupletam com tais sucessos para financiar seus enormes aparatos administrativos. Aparatos que mitigam o desemprego do Primeiro Mundo. Boa parte dos fundos postos à disposição do Haiti pelos organismos internacionais, como o FMI, o Banco Mundial etc. são empréstimos, que deverão ser pagos, sempre com o sangue e suor da população. E outra parte das doações midiatizadas serve para pagar as operações das respectivas nações...

P – Ao mesmo tempo, o Haiti possui uma dívida externa de mais de 1 bilhão de dólares. Não é contraditório?
R – Não, não é contraditório. É necessário, para manter a dependência. Veremos que, no final de tudo, essa dívida será ainda maior! Temos que lembrar que a catástrofe haitiana mantinha-se nos últimos anos, com parte da população do país comendo literalmente bolos de terra, sem que nada fosse realmente feito, a não ser controlar militarmente o país e reprimir a organização e a mobilização popular, sob o comando do Brasil. Víamos sempre belos soldados, belos tanques, belos fuzis, funcionários internacionais bem falantes, e melhor pagos, é claro, e uma enorme e profunda miséria popular. Se as grandes nações, e seus governos tão humanos, quiserem ajudar, que se anule, imediatamente, a dívida do país, que se encontra quase totalmente nas mãos do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, hoje em quase dois bilhões de dólares, e se conceda a autonomia que o país clama. Até agora, os Estados Unidos e a ONU não permitem o regresso do presidente constitucional deposto Jean-Baptiste Aristides.

P – Mesmo no Brasil e França criticam o controle excessivo dos EUA na ajuda humanitária, organizada pelo Pentágono e pela USAID. Denuncia-se que os estadunidenses priorizam o pouso de seus aviões, sobretudo militares, no aeroporto de Porto Príncipe, que controlam. Obama enviou 10 mil marines, o que causou preocupação sobre eventual ocupação militar.
R – Aristides, deposto em 1991 pelo governo estadunidense republicano, voltou ao governo, em 1994, devido à intervenção patrocinada pelos democratas, de novo no poder. A intervenção no Haiti, em 2002, foi novamente uma ação republicana, sob a presidência de Bush 2º, que contou com a oposição dos democratas, sobretudo da burguesia e intelectualidade negra desse partido, muito forte. Atualmente, no governo dos EUA encontram-se democratas negros. Se associamos isto à tradição imperialista, compreenderemos o enorme ativismo dos EUA em um viés notadamente militarista. Cuba manda médicos e remédios. Os EUA, porta-aviões e marines de fuzis embalados!
Não é certo ainda o que os democratas e Obama pretendem para o Haiti. Talvez sequer eles saibam precisamente o que fazer com o sofrido país, nos seus detalhes, devido ao caráter inesperado da crise. Há, porém, elementos claros. A ocupação militar do país, com tropas infinitamente maiores às da ONU, deixa claro que, nessa região, é o imperialismo dos EUA que manda. Um movimento que se associa ao retorno dos EUA à América Central e do Sul, expresso no golpe de Estado em Honduras, nas bases militares na Colômbia etc.. O governo Obama teme igualmente imigração maciça clandestina de haitianos para os EUA. Ficaria muito feio, sobretudo para um presidente negro, com raízes paternas africanas, prender em campos de concentração a população negra haitiana! É melhor que fiquem no país, morrendo de fome! Hoje, na região, para os EUA, o grande problema a ser resolvido é a Venezuela. Certamente teremos novas bases militares dos EUA no Haiti, região estratégica, e muito barata! Os EUA chegaram no Haiti para ficar, por muito tempo, no mínimo.

P – Já se começam a ouvir algumas vozes falando em reconstrução do Haiti. Quais os riscos que trazem as reconstruções depois de tragédias naturais, e o que o senhor acha que pode ocorrer no Haiti?
R – A grande imprensa do Brasil, com destaque para a Globo, retoma a proposta internacional sobre o Haiti como Estado falido. Ou seja, nação incapaz de se organizar e reger por si só, tendo que ser monitorada, para seu bem. Como está ocorrendo agora! Uma volta aos tempos dos protetorados. A reconstrução pode constituir balão de ensaio para gestão não nacional de territórios, por órgãos internacionais, não-estatais etc. Para tal, seria importante por fim à capital, na sua dimensão metropolitana, centro de expressão e pressão popular.
Não podemos esquecer que as grandes catástrofes são os melhores momentos para o grande capital realizar reorganizações estruturais de populações e recursos, devido à fragilidade das populações e enfraquecimento das suas organizações. Nuvens terríveis cobrem os horizontes do povo haitiano. Os trabalhadores e todos os homens e mulheres de bem do país devem se mobilizar contra isso. A primeira exigência deve ser a imediata e incondicional saída das tropas militares de ocupação brasileira do Haiti, substituídas por médicos, enfermeiros, engenheiros e agrônomos. Que a bandeira brasileira não siga servindo de mortalha a esse povo! Temos que ajudar a plantar a vida, não a morte, nesse país glorioso. Se o Nélson Jobim quiser voltar fantasiado ao país sofrido, que seja de médico!

24/1/2010

Fonte: ViaPolítica/Brasil De Fato/Mário Maestri

Mário Maestri, 61, colaborador permanente de ViaPolítica, é historiador da escravidão colonial e professor do PPGH da Universidade Passo Fundo (UPF).

E-mail: maestri@via-rs.net

Haiti: Comunicado das organizações populares

“Honra e respeito à população de Porto Príncipe! Foi a extraordinária solidariedade manifestada pela população da região metropolitana que durante os três primeiros dias depois do terremoto respondeu com a auto-organização, construindo 450 campos de refugiados, que contribuiu para salvar milhares de pessoas, graças ao fato de partilharem de forma comunitária todos os recursos disponíveis (alimentos, água, roupas)”.


O relato é do comunicado redigido por uma série de organizações populares do Haiti acerca da catástrofe que atingiu o país. As organizações declaram também sua “indignação frente à utilização da crise haitiana para justificar uma nova invasão norte-americana de 20 mil marines (…) não aceitamos que o nosso país seja transformado em uma base militar”, afirmam elas.

Eis o comunicado em sua íntegra.

A todos os nossos aliados:
No dia 12 de janeiro de 2010, um terremoto de enorme violência atingiu nosso país com conseqüências dramáticas para as populações de vários municípios dos Departamentos do Oeste, do Sudeste e do conjunto do país. Este terremoto de magnitude 7,3 na escala Richter e as perdas irreparáveis que provocou enlutaram nosso país, deixando dores insuportáveis. Este drama que nos afeta hoje é sem dúvida alguma um dos mais graves de nossa história e causa de um traumatismo profundo que marcará o século XXI haitiano.

Os balanços parciais até aqui tentam medianamente expressar uma realidade espantosa e indizível: o horror que vivemos juntos durante estes 35 segundos intermináveis que em 12 de janeiro deixou um pesado tributo de dores e de lágrimas. Mais de 150 mil mortos, 500 mil feridos, mais de um milhão sem teto, dezenas de milhares de amputados, mais de 300 mil pessoas refugiadas, mais de três milhões de seres devastados que, em um minuto, viram se transformar para sempre suas vidas, suas famílias e suas sociedades. Uma sociedade inteira traumatizada que vive no medo permanente de um possível novo terremoto.

Todas as nossas organizações foram profundamente sacudidas por este acontecimento. Perdemos familiares, companheiros de trabalho, crianças, jovens, profissionais cheios de promessas, de sonhos e de capacidades; edifícios, equipes, ferramentas de trabalho e uma documentação imensa baseada em mais de 30 anos de experiências coletivas com as organizações e as comunidades de base. As perdas são imensas e irreparáveis.
É indispensável, apesar da dor que todos e todas sentimos, refletir sobre o que acaba de acontecer e tirar dessa experiência trágica as lições e as orientações que nos permitam continuar com o nosso incansável trabalho de construção de outro país, capaz de vencer o ciclo de desgraça e dependência e de se colocar à altura dos sonhos de emancipação universal de seus fundadores e de todo o povo haitiano.

O tamanho do desastre está vinculado, sem dúvida alguma, à natureza do Estado em nosso país, uma herança histórica colonial e neocolonial, e a implementação das políticas neoliberais ao longo das últimas três décadas. A hipercentralização ao redor da ‘República de Porto Príncipe’ definida pela ocupação norte-americana de 1915 é sem dúvida um dos fatores determinantes. Em particular, a liberalização completa do mercado dos bens imobiliários abriu um espaço de especulação desenfreada aos aproveitadores de todo tipo.

Comove-nos profundamente a extraordinária solidariedade manifestada pela população da região metropolitana que durante os três primeiros dias depois do terremoto respondeu com a auto-organização, construindo 450 campos de refugiados que contribuíram para salvar milhares de pessoas, graças ao fato de que partilharam de forma comunitária todos os recursos disponíveis (alimentos, água, roupas). Honra e respeito à população de Porto Príncipe! Estes mecanismos espontâneos de solidariedade devem desempenhar um papel essencial no processo de reconstrução e de reconceituação do espaço nacional.

Enviamos esta carta a nossos colaboradores das diversas redes nacionais e internacionais, das quais fazemos parte, com o objetivo de informar sobre os passos que temos dado e sobre nossos objetivos a curto, médio e longo prazo.

Faz mais de uma semana que nosso grupo de organizações e de plataformas se reúne com freqüência, com o objetivo de fazer frente a esta nova situação, definindo novas estratégias e implementando novas maneiras de trabalhar. Assim, nós, os responsáveis das organizações e plataformas que assinamos esta carta, depois de vários encontros para analisar a nova situação e definir estratégias comuns, adotamos uma posição baseada nos seguintes eixos:
- Contribuir para preservar os principais êxitos dos movimentos sociais e populares haitianos ameaçados pela nova situação;
- Contribuir na resposta às necessidades urgentes da população organizando centros de serviços comunitários capazes de responder de forma adequada às seguintes necessidades: alimentação, atenção à saúde primária, assistência médica e psicológica em resposta aos traumas sofridos no momento do terremoto;
- Aproveitar o fato de que os grandes meios de comunicação olham nosso país para difundir uma imagem diferente da projetada pela forças imperialistas;
- Implementar novas formas de atuar que permitam superar a atomização e a dispersão que constituem uma das principais debilidades de nossas organizações. Este processo de aproximação deve se constituir com a estruturação de um espaço comum que possa acolher provisoriamente nossas seis equipes que continuam trabalhando de modo autônomo, uma vez que implementaram mecanismos permanentes de intercâmbios e de trabalhos mutualizados. Estaremos atentos em fazer prevalecer um enfoque coletivo na busca de respostas comuns a nossos problemas na construção de uma alternativa democrática popular, efetiva e viável.
Quanto à situação de urgência, estamos instalando centros de serviços. Um de nossos centros já implementado e em operação acolhe 300 pessoas que recebem comida duas vezes ao dia e estão protegidas sob tendas.

O centro oferece também consultas médicas e acompanhamento psicológico. Estes serviços são também proporcionados às pessoas que moram nos campos de refugiados na região. No centro da avenida Popupelard funciona graças ao apoio de profissionais haitianos (médicos, enfermeiros, psicólogos, trabalhadores sociais) apoiados por médicos alemães a organização de socorro Cabo Anamur. Tratamos de instalar centros similares em outros bairros da região metropolitana duramente afetada pelo terremoto,  nos quais não existe nenhuma oferta de serviços dessa natureza. Instalaremos quatro outros centros nos bairros de Carrefour, Martissant, Fontamara e Gressier. Contamos com a solidariedade de todos os nossos colaboradores para assegurarmos um funcionamento eficiente.

Ao mesmo tempo, nossas duas plataformas e quatro organizações instalaram um ponto focal de encontros e de coordenação no local de FIDES-Haïti. Estamos dispostos a acolher nesses espaços novas plataformas e organizações do movimento democrático popular.
Comprometemo-nos em mobilizar os diferentes componentes desse movimento para ampliar os esforços de socorro aos sobreviventes e, de outro lado, formular um plano comum para a reabilitação de nossas instituições e organizações. Apresentaremos esse plano e os projetos concretos que o acompanham brevemente.

A ajuda urgente da qual participamos é alternativa e temos a intenção de desenvolver um trabalho de denúncia das práticas tradicionais em matéria de intervenções humanitárias, as quais não respeitam a dignidade das vítimas e se inscrevem no marco de um processo de fortalecimento de nossa dependência. Lutamos por uma ajuda humanitária adaptada e respeitosa com a nossa cultura e nosso entorno, que não destrua as construções de economia solidária elaboradas há várias décadas pelas organizações de base com as quais trabalhamos.

Para terminar, queremos saudar a extraordinária generosidade da opinião pública mundial manifestada pelo drama que vivemos. Somos gratos e acreditamos que é o momento de construir um novo olhar sobre o nosso país, que permita construir uma solidariedade autêntica livre dos reflexos paternalistas de piedade e inferiorizarão.

Deveríamos trabalhar para manter esta vigorosa solidariedade para além da excitação midiática. A resposta à crise demonstra que em certas situações os povos do mundo são capazes de ir para além das leituras superficiais e estereotipadas de corte sensacionalista.

A ajuda humanitária massiva é hoje indispensável dada a amplitude da catástrofe, mas deve ser estruturante, articulando-se com uma visão diferente do processo de reconstrução. Deve romper com os paradigmas que dominam os circuitos tradicionais da ajuda internacional. Desejaríamos ver nascer brigadas internacionalistas de solidariedade que trabalhariam junto com as nossas organizações na luta pela realização de uma reforma agrária e de uma reforma territorial urbana integrada à luta contra o analfabetismo e para o repovoamento florestal, na edificação de novos sistemas educativos e de saúde universais, descentralizados e modernos.

Devemos também proclamar nossa cólera e nossa indignação frente à utilização da crise haitiana para justificar uma nova invasão de 20 mil marines norte-americanos. Denunciamos o que pode converter-se em uma nova ocupação militar, a terceira de nossa história por tropas norte-americanas. Inscreve-se obviamente na estratégia de remilitarização do Caribe no marco da resposta do imperialismo à rebelião crescente dos povos do continente frente à mundialização neoliberal.

Inscreve-se também em uma estratégia de guerra preventiva frente a uma insurreição eventual e social que viria de um povo esmagado pela miséria e que se encontra em uma situação de desespero. Denunciamos o modelo aplicado pelo governo norte-americano e a resposta militar frente a uma trágica crise humanitária.

Ao se apoderar do aeroporto Toussaint Louverture e de outras infra-estruturas estratégicas do país, privaram o povo haitiano de uma parte das contribuições que vinham do CARICOM, da Venezuela e de alguns países europeus. Denunciamos o método aplicado e não aceitamos que o nosso país seja transformado em uma base militar.

Nós, dirigentes das organizações e das plataformas iniciadoras dessa gestão, escrevemos-lhes hoje para transmitir nossa primeira análise da situação. Estamos convencidos de que vocês – como já têm demonstrado – continuarão acompanhando nosso trabalho e nossa luta no marco da construção de uma alternativa nacional, que será fonte do renascimento de nosso país, golpeado por uma catástrofe horrível e que lutará para sair do ciclo da dependência.
Porto Príncipe, 27 de janeiro de 2010.

Pelo Comitê de coordenação:
Sony Estéus – Diretor SAKS
Camille Chalmers – Diretor PAPDA
Marie  Carmelle Fils-Aimé – Officier de Programme  ICKL
Pelas organizações e plataformas que participam dessa iniciativa:
Marc Arthur Fils-Aimé, Institut Culturel Karl Léveque (ICKL)
Maxime J. Rony, Programme alternatif de Justice (PAJ)
Sony Estéus, Sosyete Animasyon ak Kominikasyon Sosyal (SAKS)
Chenet Jean Baptiste, Institut de Technologie et d’animation (ITECA)
Antonal Mortimé
Plataforma de Organizações Haitianas de Direitos Humanos (POHDH) que agrupa: Justice et Paix (JILAP), Centre de recherches Sociales et de Formation pour le Développement (CRESFED), Groupe Assistance Juridique (GAJ), Institut Culturel Karl Léveque (ICKL), Programme pour une Alternative de Justice (PAJ), Sant Karl Lévèque (SKL), Réseau National de Défense des Droits Humains (RNDDH), Conférence haïtienne des Religieux (CORAL-CHR)
Camille Chalmers, Plataforma haitiana de Advocacia por Desenvolvimento Alternativo (PAPDA) que agrupa : Institut de Technologie et d’animation (ITECA), Solidarite Fanm Ayisyèn (SOFA), Centre de Recherches Actions pour le Développement (CRAD), Mouvaman Inite Ti Peyizan Latibonit (MITPA), Institut Culturel Karl Léveque (ICKL), Association Nationale des Agroprofessionnels Haïtiens (ANDAH).
A tradução é do Cepat, de Curitiba, Paraná.

11/02/2010

Metalúrgicos fazem campanha para doação de 1% do salário aos trabalhadores do Haiti

Na Trelleborg, doação foi aprovada em assembléia



O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à CONLUTAS, iniciou nesta semana uma campanha com os trabalhadores da categoria para doação de 1% de seus salários para o povo haitiano. O dinheiro arrecadado será usado para reconstrução das organizações operárias e ajuda direta aos trabalhadores.

No dia 27 de janeiro, os metalúrgicos da fábrica Trelleborg, em São José dos Campos, já aprovaram, por unanimidade, o desconto em folha. Foram realizadas assembléias nos dois turnos, inclusive com pessoal administrativo.

O dinheiro será enviado, em caráter de solidariedade de classe, à central sindical e popular do Haiti, Batay Ouvriey (Batalha Operária). A campanha do Sindicato acontece simultaneamente à realizada pela CONLUTAS, também em favor da classe trabalhadora. Uma conta bancária foi aberta exclusivamente para receber doações: Banco do Brasil, agência 4223-4, conta corrente 8844-7, em nome de Coordenação Haiti. Fruto de doação das entidades filiadas, até agora, já foram arrecadados R$ 150 mil.

“As organizações de trabalhadores precisam, urgentemente, de ajuda. Somos entidades “irmãs” e o dinheiro arrecadado nesta campanha será usado para socorrer trabalhadores e entidades haitianos. Não podemos contar com a ajuda que está sendo controlada por entidades governamentais e pela ONU, que já são alvo de denúncias de não estarem chegando às mãos dos haitianos”, afirma o diretor José Donizetti de Almeida.

“Os metalúrgicos têm tradição de solidariedade de classe e temos confiança que esse debate será vitorioso em toda a categoria em favor dos companheiros do Haiti, como já ocorreu na Trelleborg”, concluiu.



Fonte: Sind.Metal SJC

10/02/2010

Total de mortos do Haiti chega a 230 mil e supera o do tsunami de 2004

Haitianos sobre escombros de edifício desabado em Porto Príncipe

Segundo ministra das Comunicações, total de mortos ainda deve aumentar
O número de pessoas mortas em consequência do terremoto que atingiu o Haiti no dia 12 de janeiro chegou a 230 mil, segundo afirmou o governo do país nesta terça-feira.

O novo total supera em 18 mil a estimativa anterior, feita na semana passada, e ultrapassa algumas estimativas do número de mortes no tsunami que atingiu o sudeste asiático em dezembro de 2004.
Um relatório do Centro de Pesquisas sobre Epidemiologia de Desastres encomendado pela ONU e publicado em janeiro indicava o tsunami de 2004 como o desastre mais mortífero da primeira década do milênio, com cerca de 220 mil mortes.

O total de mortos no terremoto do Haiti pode crescer ainda mais, já que muitos corpos ainda não teriam sido contabilizados, segundo a ministra das Comunicações do país, Marie-Laurence Jocelyn Lassegue.

O novo total de mortos não inclui corpos enterrados por funerárias privadas em cemitérios privados ou corpos de vítimas enterrados pelas próprias famílias.
Segundo os dados do governo haitiano, o terremoto deixou ainda cerca de 300 mil pessoas feridas.

Situação crítica

Quase um mês após o terremoto, a situação humanitária no país continua crítica, com muitos desabrigados e o crescente temor de epidemias.

Segundo um correspondente da BBC na capital do Haiti, Porto Príncipe, as preocupações aumentam com a proximidade da temporada de chuvas e a falta de barracas para os desabrigados.
No maior dos campos de desabrigados montados na cidade após o tremor, há muitas famílias vivendo ainda sob lonas armadas sobre pedaços de madeira.

Segundo funcionários de agências humanitárias, o objetivo é abrigar todos em barracas antes do início das chuvas.

Mas os desafios de colocar um grande número de barracas em campos superlotados são grandes.

Muitas construções de Porto Príncipe ainda estão em estado crítico, por conta dos danos sofridos com o terremoto.

Nesta terça-feira, um supermercado teria desabado com várias pessoas dentro, possivelmente saqueadores.
Acredita-se que havia entre cinco e oito pessoas dentro do prédio, já parcialmente destruído durante o tremor do dia 12.

09/02/2010

Haiti: Temos fome! Abaixo Preval!



Haiti: Temos fome! Abaixo Preval!

Por:
Daniel Lozano, enviado especial - www.publico.es/
Haiti

O grito “temos fome,abaixo Preval” agita Puerto Príncipe. Várias manifestações contra o presidente haitiano tomaram a capital do país devastado

O Haiti escapou das mãos de René Preval no dia em que a terra tremeu.Um presidente em que a destruição do estado arrastou também sua autoridade.Hoje,24 dias depois,o líder que não aparece se enfrenta com crescentes protestos que tomam Puerto Príncipe,incapaz de dominar o que parece um cavalo descontrolado.Mais de mil pessoas,desesperadas,famintas,clamaram ontem por comida em Saint Pierre,a praça principal de Petionville.Uma maré humana que se apertava em poucos metros,roubando-se oxigênio,na frente do edifício municipal.

Jean Roger Leriche,de 54 anos,fala forte,nada tem a perder porque tudo lhe falta. “O administrador regional nos enganou.Por isso estamos aqui,porque temos fome.Não serve nenhum dos dois,nem Preval,nem o administrador .São dois incapazes”.

O protesto de um anima aos demais.Amontoam-se em torno do jornalista.A manifestação se esquenta porque alguém os escuta.

“O administrador regional tem comida estocada e hoje não veio até aqui. Enquanto isso,nós seguimos dormindo ali ( assinala o acampamento de desabrigados montado no centro da praça),sem luz,sem futuro”,insiste Leriche na frente de centenas que sofrem como ele. “Ontem veio um caminhão pipa e teve que ir porque ele não estava”.

Jony Peter revela a Leriche para dar cor política ao protesto. “Aristide sim pode nos ajudar.Ele tem que voltar para salvar-nos”.Peter é seguidor do Lavalas,o grupo político do ex-presidente Bertrand Aristide,deposto a força pelos EUA em 2004 e agora exilado na África,que deseja voltar a seu país.O Lavalas tem muita força nas favelas de Puerto Príncipe como Cité Soleil e Bel Air , e se opõem a presença dos EUA e das tropas da ONU em seu país.

A agitada jornada de ontem vinha precedida de outra concentração, na terça-feira,dezenas de funcionários,gritavam por um salário a muito atrasado.O presidente haitiano teve que suportar outra manifestação contra ele,com o lema Abaixo Preval,viva Obama,na frente de seu novo quartel geral ,junto ao aeroporto.

A principal coalizão opositora,de tendência social-democrata ,exigiu ontem de Preval que ponha ordem e faça coisas,nas palavras de Rony Smarth,um de seus líderes.

Porém Preval agüenta.Pese as dimensões apocalípticas da tragédia,conta com a ajuda da comunidade internacional para recuperar o poder de mando.Ontem se soube que o programa Mundial de Alimentos da ONU proseguirá durante todo o ano a distribuição de comida em um valor de 800 milhões de dólares.

O tempo é outro grande aliado de Preval.As impossíveis eleições legislativas,que iam ser realizadas no dia 28 e agora foram adiadas sem dia,o tinham deixado muito mal,estancado.Os comícios parciais de 2009 outorgaram ao partido governante, La Esperanza,uma ligeira vantagem e muitas dúvidas provocadas pela alta abstenção. Aristide se opôs frontalmente as eleições em que foi excluído.O bloco opositor apostou ontem que Preval concluirá seu mandato com um governo plural,em declaração a EFE.

05/02/2010

YEDA e o DCE da UFRGS




Em recente reportagem publicada no site do DCE da UFRGS, http://dceufrgs.wordpress.com/2010/01/28/encontrocomgov/, ficou demonstrada a intenção do DCE, em nome do empreendorismo, estar ao lado da governadora Yeda - que esteve no último período vinculada a inúmeros escândalos de corrupção e ataques à educação pública.


Não podemos concordar com os colegas do DCE, pois sabemos que os milhares de estudantes de licenciatura da UFRGS são diretamente atingidos pelo fato de Yeda tentar atacar o plano de carreira dos professores do estado e colocar salas de lata para os professores darem aulas nas escolas públicas.


Os colegas do DCE fecham os olhos diante do fechamento das escolas itinerantes do MST, que alfabetizaram mais de 50 mil crianças, jovens e adultos nos último 4 anos. Temos certeza que os colegas da área da saúde são diretamente atingidos pelo descaso da governadora com a saúde pública - vários remédios de preços inacessíveis para a maioria da população têm hoje seu fornecimento cortado pelo governo do estado.


A mesma governadora que, por um lado, diz que busca o déficit zero, cortando recursos nas áreas sociais e nos salários dos servidores públicos, por outro lado aumenta seu próprio salário em 143%,ou seja de 7 mil para 17 mil . Não bastasse isso, é notório e público que mais que 70 % da população gaúcha considera o governo corrupto - isso porque desde o inicio do governo, Yeda começou a aparecer o mar de lama que esta metida. (FATEC-DETRAN, caixa dois na campanha, mansão com dinheiro roubado entre outros escândalos). A OAB e o Ministério Público Federal denunciaram os escândalos do governo.


Poderiam ser citados inúmeros outros fatores que mostram a cara desse governo. Porém a questão fundamental é se é realmente uma atitude “positiva” estar ao lado da Yeda vinculando o DCE e os estudantes da UFRGS àqueles que atacam a educação e roubam dinheiro de nosso povo. Por isso nós que assinamos esta nota estamos comprometidos a discutir e atuar conjuntamente com todos aqueles que acham que é necessário mais verbas para educação e saúde públicas e não concordam com a corrupção, no sentido de fortalecermos no dia-a-dia a luta por uma UFRGS Popular, de qualidade e atenta aos problemas sociais de nosso país.
Saudações Estudantis!



Diretório Acadêmico da Educação Física e Dança


Juventude Vamos à Luta

03/02/2010

a realidade dos bolsistas SAE da UFRGS


Mando abaixo um pequeno texto que fiz sobre a situação atual dos bolsistas SAE e chamando a reunião no DAFE dia 24/2.


Car@s colegas, tento por meio desse breve relato, convidá-los ao dialogo sobre as bolsas da UFRGS,em especial as bolsa SAE e as que não funcionam no período das feriais e adentrando março.


Percebo em pleno fevereiro um problema sério que atinge vários estudantes da UFRGS,em especial um setor mais carente, popular da universidade, que sofre no período de renovação das bolsas onde ficamos ao menos um mês sem salário. Isso porque no final de ano ou no mais tardar em janeiro, simplesmente há férias forçadas e não remuneradas para bolsistas SAE. Onde aqueles que utilizam a bolsa para comprar materiais, passagens, vestuário, alimentação e outros gastos, têm que aguardar para voltar a frequentar a bolsa e receber. Ou seja a reitoria da UFRGS, a Secretaria de Assistência Estudantil, e inclusive o próprio Governo Federal esquecem que os estudantes bolsistas precisam continuar vivendo quando acaba o ano. Não deixamos de ser estudantes apenas porque estamos de férias. A Universidade ainda exige que tenhamos apenas ter uma bolsa para ter o beneficio da SAE.


Outra questão que agrava os problemas no decorrer do ano, e mostra ainda a distancia que temos que percorrer para alcançar uma universidade que realmente seja socialmente mais justa é o valor da bolsa SAE, de apenas R$ 330,00 que corresponde a cerca de 60% de um salário mínimo. Deste dinheiro exigem que nós bolsistas devemos retirar os materiais para nosso curso(polígrafos, livros, xerox...) dinheiro da passagem, alimentação e todos os diversos gastos com esse ínfimo valor.


Os problemas não acontecem somente com a bolsa SAE. Há inúmeros outros problemas em outras bolsas como, por exemplo, atrasos de meses no pagamento e a desvinculação da relação entre o curso e a prática da bolsa.


Sei que muitos também estão nessa situação, por isso acredito ser importante a presença de todos na reunião que que ocorrerá no dia 24 de fevereiro, no diretório acadêmico da faculdade de educação(DAFE), Av. Paulo da Gama sem numero , às 18h.

Abraço a tod@s os colegas!


Fabiano Elias Brunes, ´´Pereira´´

Estudante de Ciências Sociais

Membro do CECS

Integrante da Juventude Vamos a Luta – Oposição ao DCE da UFRGS