19/04/2010

SINDICATO DOS SERVIDORES DA UFF SE SOLIDARIZA COM AS VÍTIMAS DOS DESABAMENTOS

A culpa não é nossa, é dos governantes!


O Sintuff se solidariza com as famílias vítimas do descaso dos governantes. E, desde já, se soma à campanha de arrecadação de donativos aos desabrigados.
No dia 05/04, o presidente Lula se encontraria com o governador Sergio Cabral para celebrar mais uma inauguração de obras do PAC. Essa inauguração não aconteceu. A chuva torrencial deixou as obras do PAC e centenas de casas debaixo das águas, destruídas e desmoronadas. No entanto, o presidente e o governador se reuniram no Copacabana Palace para dar declarações à imprensa. Tristes declarações! Foram as mesmas desculpas que o governador Sergio Cabral repetiu para justificar a tragédia em Angra dos Reis: “a culpa é dos moradores das comunidades que residem em áreas de risco”. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, completou responsabilizando a natureza pelo desastre.

Descaso das autoridades é o verdadeiro responsável por essa catástrofe

As verbas do Ministério de Integração destinadas à prevenção de catástrofes têm sido minguadas. A auditoria do Tribunal de Contas da União mostra que os recursos distribuídos e efetivamente aplicados são insignificantes. Entre 2004 e 2009, dos R$ 358 milhões destinados a essa rubrica, apenas 0,65% foram para o estado do Rio de Janeiro.

Cadê o dinheiro dos royalties que deveria ser investido em benefício da população?
Semanas atrás, o governador chorou diante das câmaras de TV apelando à sensibilidade da população, ameaçando de que se fosse retirado o dinheiro dos Royalties se produziria um caos no Rio. Pois o caos se produziu, ficando claro que nunca foi destinada verba do orçamento para melhorar a vida dos trabalhadores e do povo pobre, pois foram recebidos 7 bilhões ao ano durante cinquenta anos. Sergio Cabral foi capaz de chorar pelos royalties, mas não derramou uma lágrima pelas famílias atingidas pela catástrofe.
O governador pretende ressalvar sua responsabilidade, jogando a culpa na população pobre. Isto sim é uma COVARDIA. Uma grande parte dos moradores do estado constrói suas casas nos morros porque não têm alternativa, pois não existe nenhuma política para acabar com o déficit habitacional e garantir a construção de casas populares.
Os trabalhadores e moradores do estado do Rio de Janeiro passaram a noite em claro nos engarrafamentos, conseguindo chegar em casa somente na manhã do dia seguinte e sem saber como iriam encontrar seus familiares. Enfrentaram inundações e desabamentos em diversos pontos, com bueiros entupidos, lixo boiando e crateras que se abriam devido à força da água, poças de água que mais pareciam córregos e sob o risco de doenças como a leptospirose. Viram suas casas destruídas e o pior: parentes e amigos soterrados.
Portanto há culpados para essa calamidade que se abateu sobre nós: os governos federal, estadual e municipal.

Niterói: o exemplo máximo do descaso

A cidade de Niterói foi a mais atingida. Os desabamentos de encostas continuam. A cidade já registra mais de cem vitimas. A procura por desaparecidos continua e, a cada dia, são removidos novos corpos. Mais de 2500 pessoas estão amontoadas em abrigos sem condições adequadas de higiene e nenhuma perspectiva de solução.
Assim se desmascarou a farsa da “cidade sorriso”. O Prefeito Jorge Roberto Silveira, que perde horas em reuniões com os especuladores imobiliários e investe somas milionárias em obras e monumentos, não destinou nada para resolver os graves problemas de infra-estrutura da cidade, abandonando os setores mais pobres da população a sua própria sorte.
O inexistente Prefeito, depois de ficar escondido, dormir e acordar tarde como lhe é habitual, teve que acordar mais cedo e sair no terceiro dia de helicóptero para ver a catástrofe e anunciar o “estado de calamidade” da cidade. Uma catástrofe que poderia ter sido evitada se a Prefeitura tivesse colocado em prática os projetos de prevenção elaborados pela UFF. No ano 2006, a pedido da prefeitura, o Núcleo de Estudos e Projetos Habitacionais Urbanos (Nephu) da Universidade Federal Fluminense elaborou um plano de prevenção de riscos de deslizamentos e enchentes com custo estimado em R$ 44 milhões, não implementado até hoje. Na ocasião, foram listados 142 pontos de risco de deslizamento, incluídos todos os que hoje desabaram. Segundo o jornal O Globo (08/04/2010), o projeto contrasta com o orçamento da Prefeitura para as ações de drenagem e intervenções em áreas de risco, que prevê gastos de apenas R$ 13,7 milhões dos R$ 878 milhões das receitas municipais deste ano.
Após esse estudo, nada foi feito para mudar essa situação com a consequência de dezenas de mortes e milhares de desabrigados.

O desabamento do Morro do Bumba teve um alerta ignorado pela prefeitura
O desabamento do Morro do Bumba é a catástrofe da morte anunciada. Mais de 60 casas e dezenas de corpos soterrados debaixo de uma montanha de lixo e lama. Quem visse as imagens na TV, confundiria e pensaria estar assistindo a catástrofe do Haiti. Mas era Niterói, a cidade que as autoridades consideravam das primeiras no ranking em “qualidade de vida”. A Prefeitura de Niterói pagou e ignorou análise encomendada, em 2004, à equipe de geólogos da Universidade Federal Fluminense (UFF). O relatório coordenado pelo geólogo Adalberto da Silva chamava atenção para o Morro do Bumba. “Infelizmente, não foi feita nenhuma obra de contenção ou campanhas educativas para retirar essas famílias de lá”, lamentou o especialista. O prefeito Jorge Roberto Silveira disse, durante visita ao local da tragédia, que desconhecia o estudo. “Ele não é obrigado a saber. Mas a equipe dele tinha o relatório. O que eu vi, me chocou. Pior foi saber que as autoridades foram alertadas e não agiram a tempo”, criticou o geólogo. Segundo ele, o solo do Morro do Bumba estava saturado e nem a presença de Mata Atlântica para absorver o excesso de chuva seria capaz de evitar o desmoronamento. “Existem outros terrenos, que não são lixões, e que também estão em risco. É um processo cumulativo. Não é por falta de conhecimento técnico que aconteceu esta tragédia”, disse.
O mais trágico é que o prefeito Jorge Roberto Silveira calcula gastar R$ 14 milhões para retirar famílias situadas em áreas de risco. O valor, que não inclui o Morro do Bumba, é bem menor que os R$ 19 milhões que serão repassados pelo Ministério do Turismo para a construção de uma torre panorâmica no Caminho do Niemeyer, conjunto de prédios na orla da cidade que foram projetados pelo arquiteto.
O prefeito disse que era criança quando o lixão foi desativado. “Foi há 50 anos, eu tinha apenas seis anos”, afirmou Jorge Roberto, ignorando a data correta, em 1986, conforme informado pela própria prefeitura. Portanto, três anos antes de tomar posse pela primeira vez. O cúmulo da hipocrisia.

Solução imediata para os desabrigados e familiares das vítimas

Frente à crítica situação, exigimos que os governos garantam imediatamente a infra-estrutura necessária e o auxílio às famílias desabrigadas. Que se garanta um abrigo decente, com água potável, comida e atendimento médico até que a situação seja resolvida.
É necessário remover imediatamente todas as famílias em áreas de risco, que se desenvolva de forma imediata um plano para cobrir o déficit habitacional em todo o estado, em especial na cidade do Rio de Janeiro e em Niterói, as mais atingidas, com a participação da comunidade e do corpo técnico da UFF, no caso de Niterói. Deve-se garantir a construção de casas populares para todas as famílias desalojadas e as que morem em áreas de risco. Além disso, que seja elaborado um plano emergencial de obras na infra-estrutura das principais vias e nos bairros para amenizar os efeitos das chuvas.
FONTE: www.sintuff.org.br

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