09/06/2010

crise economica

Espanha enfrenta greve de funcionários públicos contra cortes de salários

Paralisação de 24 horas foi convocada por três centrais sindicais após pacote do governo para corte de gastos.

BBC
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Mais de 2,5 milhões de funcionários públicos na Espanha entraram nesta terça-feira em uma greve de 24 horas em protesto contra o pacote econômico do governo que reduziu os salários dos servidores.
Hospitais, aeroportos, escolas e presídios funcionam com menos da metade dos trabalhadores.
Serviços de transporte público, saúde, educação, segurança e justiça estão sendo cobertos pelos governos regionais, mas os setores dependentes da administração central prometem parar durante todo o dia.
Segundo os sindicatos, os aeroportos espanhóis funcionam com 36,5% do pessoal, escolas públicas com 23%, e os trens com 50% dos serviços.
A greve convocada por três centrais sindicais (CO, UGT e CSI-CSIF) é a primeira ameaça cumprida pelos servidores desde que o Parlamento aprovou a diminuição dos salários (5% em média) e o congelamento das aposentadorias em 2011.
O pacote aprovado há duas semanas prevê uma economia de 15 bilhões de euros (cerca de R$ 34 bilhões) por ano.
Apesar disso, a agência de avaliação de risco Fitch anunciou no dia seguinte o rebaixamento da classificação da dívida espanhola para um nível que ainda indica um baixo risco de calote - mas que demonstra que há um temor sobre a capacidade do país de pagar seus compromissos financeiros em dia.
Sucesso'
O primeiro boletim emitido pelas centrais sindicais indicou que durante a madrugada (o protesto começou à meia-noite local, 19h00 de segunda-feira em Brasília) 80% dos trabalhadores aderiram à greve.
Os setores com maior participação durante as primeiras horas são os de limpeza, bombeiros e Justiça.
Os canais públicos de televisão estão sem notícias desde as 0h15 locais e exibem apenas um comunicado afirmando que a programação do dia estará alterada pela greve.
Para deputados e senadores do Parlamento espanhol, o trabalho também estará reduzido nesta terça-feira.
Apesar das previstas sessões de votações, os serviços do Congresso e do Senado funcionam com 28% do pessoal.
Nos ministérios, a paralisação é de mais de 80%, segundo os sindicatos. O Ministério da Fazenda, que recolhe nesta temporada as declarações de renda, terá apenas 8% dos trabalhadores durante o dia.
Os sindicatos convocam ainda a população para diversas manifestações nas principais cidades da Espanha e mais de cem assembleias de trabalhadores.
Medidas 'injustas'
Em nota à imprensa, as centrais Comissões Operárias e União Geral de Trabalhadores justificam a greve e afirmam que as medidas do pacote do governo para superar a crise econômica são "injustas, desequilibradas e antieconômicas".
E ainda ameaçam o governo com uma greve geral em caso de não haver retificação no pacote.
O ministro do Trabalho, Celestino Corbacho, disse no dia anterior à greve que respeita a decisão dos servidores, mas considera as medidas aprovadas "muito necessárias".
Além da Espanha, outros países enfrentam a crise e a protesto dos trabalhadores. As primeiras manifestações surgiram na Grécia há um mês.
Os ministros de Economia da União Europeia tiveram que aprovar uma ajuda financeira para salvar o país da quebra, defender o euro e tentar impedir que a crise continuasse contaminando a região.
Os governos de outras nações da zona do euro, como Espanha e Portugal, e a Hungria, que estava em processo de se adotar a moeda comum europeia, afirmaram que suas economias não são como a grega e podem sair da crise sem ajuda.

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